sexta-feira, 6 de março de 2015

5 tentativas horrivelmente hilárias de ensinar a crianças questões importantes – Fonte: http://hypescience.com


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5 tentativas horrivelmente hilárias de ensinar a crianças questões importantes

Posted: 05 Mar 2015 12:01 PM PST

Nossas ferramentas pedagógicas são muito melhores agora, mas isso talvez nos tenha feito regredir no ensino de coisas importantes a crianças Continua...

Inédito: primeiro dispositivo quântico que detecta e corrige seus próprios erros é criado

Posted: 05 Mar 2015 10:19 AM PST

Em um grande passo para tornar computadores quânticos reais, cientistas criam circuito que aproveita o poder dos qubits, enquanto compensa sua vulnerabilidade a erros Continua...

Aeronave brasileira quase pousa fora da pista parte no Caribe, causando um desastre

Posted: 05 Mar 2015 09:42 AM PST

Avião quase perde a pista em pouso no Caribe e dá um belo de um susto em quem estava curtindo a praia. Confira! Continua...

Esse artigo mostra por que adolescentes não devem cozinhar

Posted: 05 Mar 2015 09:29 AM PST

No geral, a culinária coreana é saudável e deliciosa. Isso até que adolescentes resolvam “cozinhar” Continua...

Civilização lendária é descoberta em floresta de Honduras

Posted: 05 Mar 2015 09:12 AM PST

Depois de escanear a região, exploradores descobriram vários traços de produtos feitos por homens em uma remota floresta tropical de Honduras Continua...

Sistema de arma a laser derrete motor de caminhonete em teste de campo

Posted: 05 Mar 2015 08:54 AM PST

Se o conceito de arma a laser não te assusta o suficiente, imagine um sistema que é capaz de desativar o motor de veículos derretendo-os Continua...

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C A I X A   E C Ô N O M I C A   F E D E R A L  - LOTERIAS

Conforme você pediu, seguem os resultados das Loterias da Caixa.

Boa Sorte!

Caixa Econômica Federal

  Q U I N A

--------------------

Concurso : 3730

Data : 05/03/2015

NÚMEROS SORTEADOS:    (por ordem de sorteio)  18   -   26   -   46   -   17   -   59

                      (por ordem crescente)   17   -   18   -   26   -   46   -   59

VALOR ACUMULADO PARA O SORTEIO ESPECIAL DE SÃO JOÃO: R$ 71.321.786,15

ESTIMATIVA DO PRÊMIO (QUINA)*: R$ 500.000,00

*PARA O PRÓXIMO CONCURSO, A SER REALIZADO 06/03/2015

Nº de Ganhadores (Quina) : 1

Rateio do Prêmio (Quina) : R$ 1.475.595,84

Nº de Ganhadores (Quadra) : 100

Rateio do Prêmio (Quadra) : R$ 5.817,54

Nº de Ganhadores (Terno) : 6769

Rateio do Prêmio (Terno) : R$ 122,77

Confira os resultados das Loterias pelo seu celular, acesse o site da CAIXA www.caixa.gov.br direto pelo aparelho e selecione o link loterias. (http://www.caixa.gov.br)

Conheça os investimentos CAIXA: variedade e segurança para investir, sem abrir mão de boa rentabilidade. SAIBA MAIS. (http://www11.caixa.gov.br/portal/public/investidor)

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Se desejar corrigir seus dados ou se descadastrar deste serviço acesse o link -

http://www.caixa.gov.br/_redirect/push/r_logon_loteria.asp

 

De: MARTINS

Data: 06/03/2015 08:24:30

{ HTC } Você já percebeu que existem dois tipos de pipoca?

    Lua de Proverbia

    ""Preciso aprender a andar sozinho, para ouvir minha própria voz."<br />Ana Carolina"

    Lua de Proverbia

    "Preciso aprender a andar sozinho, para ouvir minha própria voz."
    Ana Carolina

    De: COKELUXE kukonka@gmail.com [humorex_tc] <humorex_tc@yahoogrupos.com.br>
    Data: 6 de março de 2015 07:49
    { HTC } Você já percebeu que existem dois tipos de pipoca?

Você já percebeu que existem dois tipos de pipoca?

Em primeiro lugar, você não pode fazer qualquer tipo de pipoca.

Você tem que usar – sim – milho para pipoca, um tipo de milho que, crucialmente, tem uma casca dura. Caso você nunca tenha feito pipoca e nunca viu antes, é isso que acontece antes de o milho estourar:

Em primeiro lugar, você não pode fazer qualquer tipo de pipoca.

Bill Ebbesen / Creative Commons / Via en.wikipedia.org

Quando você aquece o milho, a pequena porção de água dentro do grão se transforma em vapor e se expande.

Você já percebeu que existem dois tipos de pipoca?

youtube.com

Quando não há mais espaço para se expandir dentro do grão e a pressão se torna muito alta, ele explode, conforme é demonstrado neste GIF de um vídeo do Slow Mo Guys.

De acordo com The Popcorn Board:

Por volta dos 100 graus a água vira vapor e transforma o amido do interior de cada grão em uma substância gelatinosa super quente. O grão continua a aquecer a até 175 graus. A pressão no interior do grão alcançará 9,49 quilos por centímetro quadrado antes de finalmente estourar a casca de dentro para fora.

Quando explode, o vapor de dentro do grão é liberado. O amido macio de dentro do milho infla e é derramado, esfriando imediatamente e ficando daquela forma estranha que conhecemos e amamos.

Mas a diversão não acaba por aqui. Há dois tipos de milho-pipoca: cogumelo e borboleta.

Mas a diversão não acaba por aqui. Há dois tipos de milho-pipoca: cogumelo e borboleta.

Bunchofgrapes / Creative Commons / Via Wikimedia Commons - commons.wikimedia.org

De acordo com Specialty Corns (CRC Press, 2000) de Arnel R. Hallauer, a pipoca borboleta (direita) “é associada à delicadeza e liberdade da casca”, enquanto que a pipoca cogumelo (esquerda) é mais apropriada para temperos por ter melhor manuseio.

Os dois tipos se formam de jeitos levemente diferentes.

Com a pipoca cogumelo, o grão se expande uniformemente. Mas com a pipoca borboleta, o amido no interior sai por onde a casca do grão quebrar primeiro, basicamente virando a casca ao avesso. Você pode ver a pipoca borboleta se formando nestes GIFs:

youtube.com

youtube.com

Agora você já sabe.


enviado do TK 83

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Enviado por: COKELUXE <kukonka@gmail.com>

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    From: souza.ds
    GUIA: CARNAVAL EM BRASILIA.
    Date: Thu, 5 Mar 2015 23:07:11 +0300

    GUIA: CARNAVAL EM BRASILIA.

    O melhor do ano !!!

    1º BLOCO: “MAMÃE EU QUERO MAMAR”

    ATT000012

    A diretoria do blocão conseguiu emplacar 147 parentes na bateria

    Saída: Terça às 16h00 (os finais de semanas são sagrados e segunda é meio expediente)

    Concentração: Em frente ao Congresso Nacional.

    Enredo de 2015: “De Furnas à Petrobras, Quem Não Samba Fica Para Trás”

    Importante: Distribuição de alas comissionadas até as 14h00

    2º BLOCO: “CHARANGA DA PETROBRÁS”

    ATT000024

    Orçada em 33 bilhões de reais, a Charanga da Petrobras vai sair este ano com uma formação inédita: seis músicos amadores tocando marchinhas. Um consórcio formado pela Axé-Brecht, Camargo & Camarguinho, OASes e Um Coringa e É Nóis Galvão ficará responsável pela construção do palco. A estrutura de madeira, com três metros quadrados, foi orçada em 20 bilhões e deve ficar pronta para o carnaval de 2018. O BNDES se comprometeu a entrar com 60% dos custos, numa parceria inédita.

    Saída: Quarta-feira de Cinzas depois das 21h

    Concentração: Sede da Polícia Federal

    Enredo de 2015: “Se Gritar Pega Ladrão, Não Fica Um, Meu Irmão”

    BLOCO: “PATROPI”

    ATT000035

    ATT000043

    ATT000051

    El software de antivirus Avast ha analizado este correo electrónico en busca de virus.
    www.avast.com


    Este email foi escaneado pelo Avast antivírus.
    www.avast.com

     

    COMENTO:

    Muito bonito e válido as referências ao bom viver!

    O perigo mora no mensageiro do além!

    O mal por si se destrói! Grato.

    Sds/César JBN

    Energia-Consciente.

    De: cherris furtado

    Data: 06/03/2015 08:55:10

    !!!......... Na Via Pública / Emannuel

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    Date: Thu, 5 Mar 2015 17:57:31 +0000
    From: ladiasborges@yahoo.com.br
    Na Via Pública / Emannuel

    Na Via Pública

    A rua é um departamento importante da escola do mundo, onde cada criatura pode ensinar e aprender.

    Encontrando amigos ou simples conhecidos, tome a iniciativa da saudação, usando cordialidade e carinho sem excesso.

    Caminhe em seu passo natural dentro da movimentação que se faça precisa, como se deve igualmente viver: sem atropelar os outros.

    Se você está num coletivo, acomode-se de maneira a não incomodar os vizinhos.

    Se você está de carro, por mais inquietação ou mais pressa, atenda às leis do trânsito e aos princípios do respeito ao próximo, imunizando-se contra males suscetíveis de lhe amargurarem por longo tempo.

    Recebendo as saudações de alguém, responda com espontaneidade e cortesia.

    Não detenha companheiros na vida pública, absorvendo-lhes tempo e atenção com assuntos adiáveis para momento oportuno.

    Ante a abordagem dessa ou daquela pessoa, pratique a bondade e a gentileza, conquanto a pressa, freqüentemente, esteja em suas cogitações.

    Em meio às maiores exigências de serviço, é possível falar com serenidade e compreensão, ainda mesmo por um simples minuto.

    Rogando um favor, faça isso de modo digno, evitando assobios, brincadeiras de mau gosto ou frases desrespeitosas, na certeza de que os outros estimam ser tratados com o acatamento que reclamamos para nós.

    Você não precisa dedicar-se à conversação inconveniente, mas se alguém desenvolve assunto indesejável é possível escutar com tolerância e bondade, sem ferir o interlocutor.

    Pessoa alguma, em sã consciência, tem a obrigação de compartilhar perturbações ou conflitos de rua.

    Perante alguém que surja enfermo ou acidentado, coloquemo-nos, em pensamento, no lugar difícil desse alguém e providenciemos o socorro possível.


    Sinal Verde / Emannuel / Francisco Cândido Xavier

    Núcleo Espírita Chico Xavier - NECX

    Rua Antônio Augusto da Paz (antiga 17), nº 60

    Praia de Piratininga - Niterói | RJ

    nucleo-chicoxavier.blogspot.com

     

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    From: champenho
    Curtinhas e saborosas
    Date: Fri, 6 Mar 2015 18:36:45 +0800

    Curtinhas e saborosas

    Ele e Ela

    Ela diz: Morreu o padre que nos casou!

    Ele responde: Aqui se faz, aqui se paga...

    Â

    De empregado a empregado
    - Sabia que o chefe faleceu?

    - Sim mas queria saber quem foi que morreu com ele...
    - Porque diz isso?

    - Voce não leu o aviso que puseram na empresa? Dizia: ...e com ele se foi um bom trabalhador...!
    Â
    Do chefe ao empregado
    - Este é o quarto dia que chega tarde esta semana. Que conclusão tira disto?
    - Que hoje é quinta-feira?...
    Â
    De empresario a empresario
    - Como consegue que seus empregados cheguem sempre pontualmente ao trabalho?
    - É simples: tenho 30 empregados, mas só 20 vagas no estacionamento....
    Â
    Do chefe a  secretaria
    - Quem te disse que voce pode ficar passeando o dia todo sem trabalhar, só porque tivemos um caso???
    - Meu advogado...
    Â
    Chefe
    - Antonio, eu sei que seu salario não é suficiente para bancar seu casamento... mas algum dia voce irá me agradecer...
    Â
    Do empregado ao chefe
    - Chefe, posso sair hoje d uas horas antes? Minha mulher quer que eu a acompanhe nas compras...
    - De maneira nenhuma!
    - Obrigado, chefe! Eu sabia que voce não ia me deixar na mão!
    Â
    Uma vez no censo
    Dois empregados do Censo chegam a uma casa e perguntam:
    - Seu nome?
    - Adão.
    - E o da sua esposa?
    - Eva.
    - Incrí­vel! Por acaso a serpente tambem vive aqui??
    - Sim, un momento... Sogrinha! Estão te chamando!!
    Â
    De amigo a amigo
    Um homem visita um amigo no hospital:
    - José, o que acontenceu que voce está todo contundido?
    - Bateram em mim!
    - Mas porque?
    - Porque eu tossi!
    - Porque voce tossiu?!
    - Sim! Tossi dentro de um armario!
    Â
    A academia e seus milagres
    Um homem de uns 65 anos pergunta ao treinador na academia:
    - Que maquina devo usar para impressionar uma mulher de 30?
    E o treinador o olha bem e diz:
    - Eu recomendaria o caixa automatico...
    Â
    Querida sogra
    A sogra está a  beira da morte e em sua agoní­a olha para a janela e diz:
    - Que lindo entardecer!
    E o genro lhe responde:

    - Não se distraia sogrinha, concentre-se! Olhando para o tunel... sempre para o tunel!!

     

    Prezados, Bela Sexta !
    Multiplicando
    At
    Cherris Furtado
    ..................


    Date: Wed, 4 Mar 2015 16:28:57 +0000
    From: ladiasborges@yahoo.com.br
    To: cherris_furtado@hotmail.com
    MARAVILHA - MULHERES (lindo)

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    De: Ensaf Haidar com Avaaz

    Data: 06/03/2015 09:54:58

    Ajudem a salvar o meu marido

    Meu marido, Raif Badawi, foi sentenciado a dez anos de prisão e 1.000 chibatadas por manifestar sua opinião em um blog. Agora fiquei sabendo que ele pode ser executado – mas dentro de 48 horas, o ministro da Economia da Alemanha, Sigmar Gabriel, visitará a Arábia Saudita e um pedido maciço da parte de todos nós pode forçá-lo a negociar a libertação de Raif. Acrescente sua voz agora:

    Assine a petição

    Caros membros da Avaaz,
    Com as mãos e os pés algemados, rosto contorcido de dor, para que todos pudessem ver. É insuportável pensar que esta foi a forma como eles açoitaram meu marido publicamente mais de 50 vezes. Agora fiquei sabendo que ele pode ser executado – mas vocês podem me ajudar a salvá-lo!
    Meu nome é Ensaf Haidar e Raif é meu marido. No ano passado, ele foi condenado a dez anos de prisão e 1.000 chicotadas por "insultar o Islã". Seu crime: manifestar opinião em um blog. Raif é um homem de paz e um pai amoroso. Eu e nossos três filhos sentimos saudades e tememos por sua vida.
    A Alemanha pode nos ajudar a libertá-lo: dentro de 48 horas, Sigmar Gabriel, ministro da Economia do país, viajará à Arábia Saudita. Se ele usar sua influência para tomar uma posição em favor de Raif, pode estimular os líderes sauditas a reconsiderarem a pena.
    Eu já pedi ajuda pessoalmente ao ministro Sigmar Gabriel. Porém, minha voz sozinha não é tão forte e é por isso que peço que vocês apoiem meu apelo, para que possamos vê-lo em liberdade, por meio de uma petição global pedindo que Raif seja solto. Juntem-se a mim agora e compartilhem a petição com todos seus conhecidos:
    https://secure.avaaz.org/po/free_raif_badawi_loc/?bupGehb&v=54852

    Caros membros da Avaaz,
    Com as mãos e os pés algemados, rosto contorcido de dor, para que todos pudessem ver. É insuportável pensar que esta foi a forma como eles açoitaram meu marido publicamente mais de 50 vezes. Agora fiquei sabendo que ele pode ser executado – mas vocês podem me ajudar a salvá-lo!
    Meu nome é Ensaf Haidar e Raif é meu marido. No ano passado, ele foi condenado a dez anos de prisão e 1.000 chicotadas por "insultar o Islã". Seu crime: manifestar opinião em um blog. Raif é um homem de paz e um pai amoroso. Eu e nossos três filhos sentimos saudades e tememos por sua vida.
    A Alemanha pode nos ajudar a libertá-lo: dentro de 48 horas, Sigmar Gabriel, ministro da Economia do país, viajará à Arábia Saudita. Se ele usar sua influência para tomar uma posição em favor de Raif, pode estimular os líderes sauditas a reconsiderarem a pena.
    Eu já pedi ajuda pessoalmente ao ministro Sigmar Gabriel. Porém, minha voz sozinha não é tão forte e é por isso que peço que vocês apoiem meu apelo, para que possamos vê-lo em liberdade, por meio de uma petição global pedindo que Raif seja solto. Juntem-se a mim agora e compartilhem a petição com todos seus conhecidos:
    https://secure.avaaz.org/po/free_raif_badawi_loc/?bupGehb&v=54852
    Há alguns anos, meu marido abriu um blog chamado "Free Saudi Liberals" (Sauditas Liberais e Livres). Raif queria escrever sobre política e religião, e abordar questões sociais e políticas. Mas ele foi acusado pelo sistema judiciário da Arábia Saudita de insultar o Islã – um acusação que acarreta punições severas. E a sentença de Raif não afeta apenas a ele: seu açoitamento público envia um sinal de advertência para qualquer um que queira expressar opiniões semelhantes.
    Raif e eu nos conhecemos há 15 anos. Nos casamos dois anos mais tarde e logo depois eu já estava grávida de nosso primeiro filho. Quando meu marido começou a ter problemas com as autoridades, em 2008, pediu que nós fugíssemos do país: viajamos do Egito ao Líbano e chegamos finalmente ao Canadá, onde meus filhos e eu fomos concedidos asilo. Mas não podemos apenas sentar aqui e esperar: queremos Raif de volta!
    Muitas pessoas em meu país querem uma reforma e a atenção internacional sobre o caso de Raif está aumentando. O ministro Sigmar Gabriel já disse que vai abordar direitos humanos durante sua visita. Adicione o seu nome ao meu pedido: nossas vozes juntas agora podem ajudar a libertar o meu marido.
    https://secure.avaaz.org/po/free_raif_badawi_loc/?bupGehb&v=54852

    Com profunda gratidão,
    Ensaf e toda a equipe da Avaaz.
    Mais informações:
    Condenação de blogueiro a chibatadas será reavaliada na Arábia Saudita (BBC Brasil)
    http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/01/150116_gch_blogueiro_saudita_punicao_rb
    Raif Badawi corre risco de ser julgado novamente e condenado à morte (Anistia Internacional)
    https://anistia.org.br/noticias/raif-badawi-corre-risco-de-ser-julgado-novamente-e-condenado-morte/
    Família diz que blogger saudita pode ser condenado à morte (Público)
    http://www.publico.pt/mundo/noticia/familia-diz-que-blogger-saudita-pode-ser-condenado-a-morte-1687844
    Blogueiro saudita Raif Badawi pode ser julgado novamente e decapitado, diz família (em inglês) (The Guardian)
    http://www.theguardian.com/world/2015/mar/01/raif-badawi-could-be-retried-and-beheaded-family-ensaf-haidar-apostasy
    Raif Badawi, blogueiro árabe-saudita sentenciado a 1.000 chicotadas, pode enfrentar pela de morte (em inglês) (The Independent)
    http://www.independent.co.uk/news/world/middle-east/raif-badawi-the-saudi-arabian-blogger-sentenced-to-1000-lashes-may-now-get-the-death-penalty-10077877.html

    A Avaaz é uma rede de campanhas global de 41 milhões de pessoas que se mobiliza para garantir que os valores e visões da sociedade civil global influenciem questões políticas nacionais e internacionais. ("Avaaz" significa "voz" e "canção" em várias línguas). Membros da Avaaz vivem em todos os países do planeta e a nossa equipe está espalhada em 18 países de 6 continentes, operando em 17 línguas. Saiba mais sobre as nossas campanhas aqui, nos siga no Facebook ou Twitter.
    Você está recebendo essa mensagem porque assinou a campanha "Por uma internet livre e democrática!" no dia 2014-03-11 usando o seguinte endereço de email: cesarjbn@gmail.com.
    Para garantir que as mensagens da Avaaz cheguem à sua caixa de entrada, por favor adicione avaaz@avaaz.org à sua lista de contatos. Para mudar o seu endereço de email, opções de idioma ou outras informações pessoais, entre em contato conosco, ou clique aqui para descadastrar-se.
    Para entrar em contato com a Avaaz, não responda este email, escreva para nós no link www.avaaz.org/po/contact.


    De: VITÓRIA E GONZAGA <vitoria.flores@gmail.com>
    Data: 6 de março de 2015 10:17
    CONTO DE LUIZ GONZAGA DA SILVA (IN MEMORIAN)

    CONTO DE LUIZ GONZAGA DA SILVA

    NASCIDO EM 10/08/1928—FALECIDO EM 11/12/2014

    OS MISTÉRIOS DO INFINITO

    A fonte donde brotava água límpida era uma prova de que todos ali poderiam se utilizar daquele líquido Divino, que tinha um gosto muito diferente da água comum. Sua ação quando solvida era de profundo apaziguamento das partes em conflito dentro de cada ser. Seu sabor era de um paladar indescritível e ela nos proporcionava um alívio que era um misto de gozo e calma, além de nos impor uma vontade de participar, de ajudar, de escrever, ditar, de equilibrar ações, de vislumbrar coisas opostas etc. o seu perfume era inebriante e insinuante. O guia explicava:

    __ Existem milhares de fontes como esta. É só precisarmos, pois se com oração convicta pedirmos, que ela surge, não se sabe de onde. Só sabemos que ela vem de Deus.

    A sebe que circundava a fonte, a cada intervalo de tempo, não se pode precisar o espaço, se iluminava de um brilho tão airoso e radiante que ofuscava e dependendo do estado fluídico em que a gente se encontrava, até cegava instantaneamente. Um caminho florido onde havia uma mistura de cores se destacava à direita até terminar numa edificação de traços arquitetônicos arrojados, com formato arredondado onde se viam raios cintilantes brotarem de sua cúpula. O guia nos informava que poucos tinham permissão de chegar até lá por se tratar de um local onde “iluminados” faziam suas orações em prol de todos aqueles que sofrem as torpezas trazidas de vidas anteriores.

    A cada espaço de tempo um ente das centenas de seres que ouviam explicações, elevava-se e dos demais, fazia uma saudação que não consigo descrever e subia até sumir de vista. O curioso é que eles se mostravam tão alegres que não regateavam sorrisos e acenos para os que ficavam.

    __ Eles conseguiram se libertar dos grilhões (disse o guia) pesados que os prendiam nesta dimensão e sobem para um plano superior.

    Eu me olhava e não via peso algum atrelado a mim. Onde estavam os grilhões?

    O guia lendo meus pensamentos respondeu:

    __ O termo “grilhões” é apenas comparativo. O que pesa em nós são as coisas que povoam nossa mente, ofuscam a Luz, inibem nossos passos e desoriente nossa vocação de sermos livres como aqueles que deixaram a água purificada, pelo sacrifício do Herdeiro do Trono, realizar a limpeza profunda, abandonando-se aos desígnios do Criador.

    O curioso é que o guia quando abria a boca para falar deixava a mostra seus dentes brancos que cintilavam como se fossem lapidados em diamante.

    __ Se você se olhar no espelho (continuou o guia) vai ver que também os seus dentes cintilam, pois as preciosidades dos metais e das pedras, que existem raramente no seu mundo inferior são atributos normais para os que estão num médio plano espiritual. Tudo de belo e valioso que existe na Terra foi criado para demonstrar o quanto Deus quer bem ao homem e o seu espírito, o suposto e o preposto.

    De vez em quando, como se transformassem os céus em grandes telas cinematográficas eu via cidades conhecidas em seus formatos, locais convidativos e outros agressivos e misteriosos, que parecem queriam fazer-me lembrar alguma coisa já passada. Uma das cidades me causava medo e angústia, mas o seu traçada me fascinava tanto, como a sua localização, circundadas por pequenas propriedades, com número muito elevado de pomares e pequenos riachos. Vendo a minha inquietação o guia achegou-se a mim e com delicadeza tocou meu ombro e com um paternal sorriso falou:

    __ Procure dar ênfase somente as partes dessa cidade que te fazem feliz e eventualmente as partes que te ferem e oprimem irão se transformando em benesses que vão gradativamente entrando em sintonia com as outras partes que te fazem feliz. Todos nós temos os nossos “edens” e nossas “Sodomas”. Só Deus sabe dessa guerra íntima que temos ou que já tivemos e que em muitos permanecem por várias fases.

    Eu segui o conselho do guia após solicitar licença para sair do grupo, dirigi-me até a cidade que ficava num planalto além de uma região acidentada, com altos e baixos. Cheguei à entrada e verifiquei que era de ruas de lamacentas e escorregadias, justamente uma das partes que me causava angústia e fiz como me ensinara o guia: pensei firme nas partes bonitas e acolhedoras e como por encanto as ruas lamacentas iam se tornando alegres. Suas casas ganhavam movimento e eu ouvia hinos e músicas envolventes. À medida que eu ia passando pessoas que pareciam já terem passado pela minha vida me cumprimentavam e algumas me perguntavam: por que demorou tanto a vir nos visitar. E assim fui avançando sentindo uma aura envolvente. Quando cheguei ao centro da cidade já ao invés de sentir angústia e medo das partes lamacentas da entrada comecei a sentir pena, profundo amor por aqueles que permaneciam ali na parte baixa, porém me intrigava aquela desigualdade. Ali também existiria a odiosa discriminação? A segregação grosseira e estúpida a qual eu parecia também fora vítima? Não! Devia ser um engano. Notando em mim o desapontamento e a minha ânsia de desmistificar aquele entrave que colocava em dúvida minha crença de que, livre do invólucro carnal todos são iguais para o Pai. Um senhor aparentando ser bem mais velho do que eu se aproximei:

    __ Na verdade, para o Pai todos somos iguais em valor energético, porém utilizando-se do seu livre arbítrio, que aqui também existe, aqueles seres que você viu na entrada da cidade, de livre e espontânea vontade, considerando não serem dignos de receberem o mesmo tratamento, em razão do que foram em vida, abdicaram dos regalos das partes altas até se sentirem libertos das acusações da própria consciência, para depois subirem e ocuparem os espaços que continuam reservados para eles. Portanto não há discriminação, nada que os possa diminuir perante Deus e perante os outros. Estamos sempre os visitando. Temos orgulho de todos eles. Orgulhamos-nos por eles fazerem parte da nossa colônia. Você já fez uma análise da sua vida terrena? Já decidiu onde vai ficar? Temos casas, chácaras e chalés vagos. Aqui é você quem vai escolher. Se você se achar merecedor escolha um local e fique conosco. Se achar em dívida com os sentidos naturais das coisas criadas, no lamaçal também existem alojamentos. Você escolhe e sua decisão é respeitada por nós e por Deus.

    Consultei minha consciência e senti um vazio. Senti vergonha do meu interlocutor e desenxabido agradeci e me virei em sentido contrário, em direção a parte baixa, não sem antes ouvir do ancião estas palavras saídas com um sorriso bondoso e amigo.

    __ Nós te amamos e estaremos te esperando.

    Dezenas de seres estavam me esperando no comprido beco que dava acesso a parte baixa da cidade. Todos traziam um sorriso acolhedor estampado nos rosto. Um deles que dava a impressão ser o líder falou com voz parecida com uma que eu já tinha ouvido muito, não sei onde e nem quando.

    Amigo, permita-me chamá-lo pelo nome. Álvaro, nós já sabíamos que você viria até nós. Tanto é verdade que até já fizemos os cálculos de quantos pontos você terá que resgatar para começar o aprendizado. Três mil setecentos e oitenta. Um número a primeira vista um tanto elevado, mas eu quando aqui cheguei tinha que resgatar oito mil setecentos e cinqüenta pontos e já resgatei mais de oito mil. Para ser exato, me faltava seiscentos e cinqüenta.

    Eu estranhei a colocação: faltavam-me e indaguei:

    __ Por que faltavam? O termo certo seria faltam seiscentos e cinqüenta pontos.

    __ Não! Eu me expressei corretamente. Faltavam seiscentos e cinqüenta, mas agora eu, como fizeram comigo no começo vou assumir parte do seu resgate, isto é permitido. Temos que sair todos juntos. Todos de uma só vez para que outro grupo seja composto aqui. Você era o único que faltava e nós fizemos muitas vigílias em seu sufrágio e Graças a Deus você finalmente atendeu aos apelos da sua consciência. Pelos nossos cálculos, dentro de pouco tempo estaremos resgatados.

    Surpreso perguntei:

    __Mas não é justo. Eu sou o último a chegar e saio com os que chegaram primeiro?

    __Álvaro, meu irmão, está escrito e foi dito pelo mestre, os primeiros podem ser os últimos e os últimos serão os primeiros.

    Todo aquilo era muito estranho para mim: todos unidos num só objetivo, ajudar, fraternizar, se doar, se harmonizar espontaneamente.  Estaria eu sonhando? Um daqueles sonhos longos, ininterruptos?Mas à medida que ia colocando as coisas nos devidos lugares notava que já estivera ali em sonhos, mas agora eu sentia que era real. Os amigos que ali estavam eram reais. Eu podia sentir o barro liguento tocando meus pés. Fazendo uma observação mais acurada vi que todos estavam descalços. O que parecia ser o líder, que soube chamar-se Adolfo me respondeu antes que eu perguntasse:

    Aqui não usamos sandálias ou sapatos porque este barro é fluídico. Tudo aqui é medicinal. Nós também necessitamos de medicamentos, só que não química ou fitoterápica, mas fluídico. Para nos purificarmos dos resíduos que trouxemos da esfera carnal.

    Os irmãos – como eles se tratavam – me acompanharam até o chalé onde eu ficaria. Era bonito, bem diferente daquilo que aparentava a distância. O curioso é que na entrada tinha um pequeno jardim muito bem cuidado com várias espécies de flores e folhagens ornamentais, sendo que de uma qualidade amarela esverdeada. Fora decorado com meu nome, pelo menos foi o nome pelo qual me chamaram: Álvaro. Na entrada uma pequena sala, um corredor, um compartimento para oração e meditação, um quarto e uma varanda circundada por uma enorme tela com um complicado aparelho embaixo. Cheio de estranhos botões. O líder explicava:

    __ aqui você pode ver várias dimensões e o que está sendo feito por várias equipes de socorro em benefício de encarnados e desencarnados, desorientados e desencarnados optantes por uma outra encarnação.

    __Mas eu posso ver esses trabalhos?

    __ Sim! Nada é oculto aqui. Tudo é feito às claras, pois um dia tudo será transformado. Não haverá um só que esteja privado do acesso a outros, franqueado.

    Eu tinha estado perto da fonte, tinha tomado da água fluidificada, tinha estado junto com aqueles que subiam para um plano superior. Como podia ter bebido daquela água e vindo para aquela parte baixa? O líder explicou:

    __Ao tomar daquela água preciosa, abriram seus olhos e você ganhou coragem para adentrar a cidade e preparou-o para reagir como reagiu após as palavras do senhor na parte alta da cidade. Você ainda continua confuso, mas isso passa e logo você compreenderá que todos perseguimos um mesmo objetivo: chegar a uma condição avantajada de entendimento para habitar a esfera maior e gozar das primícias da Luz Maior que é Deus e seu filho Jesus.

    Os primeiros ciclos de minha estada ali foram um tanto enfadonho, mas à medida que eu assistia através da tela o trabalho que estava sendo executado por uma infinidade de equipes, ia ganhando interesse pela causa e comecei até a cantar junto com os corais sensacionais que apareciam de vês em quando entoando cantos sublimes de apoio aos que trabalhavam e de louvores ao mestre maior, Jesus. Acabei por descobrir que meu trabalho ali era o de fazer uma terapia de recordação para me inteirar do que fui o porquê estava ali e o que deveria fazer numa próxima jornada.

    Passado certo tempo fui reconhecendo as pessoas que coabitavam aquele lugar comigo. Lembrei-me do Cláudio e quando o chamei pelo nome de guerra ele caiu em prantos:

    __Graças a Deus você está reagindo muito bem.

    Depois o Pedrinho, o Aristeu, O Hipólito, A Joana, a Zefa e por fim o que eu pensava ser o líder, o Pedro José. Sim! O Pedro José que havia trabalhado comigo lá na esfera de baixo. Saí como um bólido gritando:

    __Pedro! Seu safado! Eu me lembrei de você! Por isso tinha certeza de que já tinha ouvido a sua voz.

    __ Calma! Até parece que eu era político! (disse Pedro meio envergonhado com o sorriso dos demais)

    __ Político, você não era, mas uma das vozes mais bonitas que o Rádio já conheceu.

    __ Ora! Você esta me fazendo corar com toda essa bajulação.

    __ amigo Pedro, como você era oito mil e poucos pontos. É um número muito pequeno.

    __ Álvaro meu irmão, é cobrado muito mais daquilo que você deixou de fazer, do que você fez.

    __ Como assim?

    __ Se eu bebi e fiz arruaça, briguei, fui preso é muito menos mal do que lúcido, negar ajuda a semelhante necessitado.

    __ Então um governo que tem tudo nas mãos para resolver os problemas dos marginalizados pela sociedade vai ter que pagar muitos pontos!

    __ Exatamente! Quando se tem a chance de praticar ações justas e não a fazemos perdemos muito em conceito junto às entidades supremas.

    Pedro José tornou-se um grande companheiro a me fazer acostumar àquele tipo de existência. Aos poucos fui me acostumando, fui me abrindo um pouco mais e fiz muitas infiltrações pelas fendas que nos permitiam ir a lugares diferentes onde ficávamos observando do alto. Era curioso como a gente conseguia tudo ou quase tudo com a força da vontade. Se eu queria ver a cidade dos anjos, era só ligar a tela panorâmica e pronto! Lá estava a simpática e iluminada metrópole, onde se organizavam equipes para este ou aquele trabalho que era distribuído por um arcanjo. Foi numa dessas vezes que vi um anjo que me parecia muito familiar e eu contei o fato ao Pedro.

    __ Se você quiser falar com ele é só desejar com muita vontade e ele virá conversar com você.

    Foi assim que tive a oportunidade de receber aquele anjo, que soube chamar-se Thiago. Foi muito rápido o seu aparecimento após eu ter desejado e, no entanto fiquei sabendo que ele demorou um ano para atender o meu pedido, ou trezentos e sessenta e seis dias terrenos. Para mim foi coisa de alguns minutos. Thiago olhou-me com muita ternura e antes que eu perguntasse de onde eu lhe conhecia, informou:

    __ Eu fui teu anjo de guarda durante toda a sua existência terrena.

    __ Senhor, eu te dei muito trabalho?

    __ Não use o senhor antes do nome. Senhor é apenas usado para orarmos ou falarmos com entidades maiores: O Pai, O Filho e o Espírito Santo. Respondendo a sua pergunta eu diria que você era como os demais, sem tirar nem por. Mas eu gostava de você principalmente quando você estava feliz e cantava aquelas canções bonitas que você mesmo compunha.

    __ Amigo! Posso chamá-lo assim?

    __ À vontade! Eu me sinto até mais feliz.

    __ Pois então amigo você que esteve me assistindo durante tanto tempo conforme suas próprias palavras: o que aconteceu comigo? Como era minha família? Eu era casado? Tinha filhos? Era feliz? Rico? Pobre? Bonito ou feio?

    __ Calma! Calma, amigo! Todas essas indagações serão aclaradas no momento oportuno. Só posso garantir a você que muitos daqui e de lá te admiram porque você atendeu de pronto o chamado. Não ficou preso às lembranças e por isso as equipes não tiveram trabalho algum para trazê-lo no primeiro intervalo. Você não olhou para trás e aceitou tudo com uma decisão convicta que chegou a impressionar até o mentor da equipe já acostumado com tantos desencarnes.

    __ Por que eu não posso saber agora?

    __ Eu já disse. Tudo há seu tempo. Você vai aprender muito ainda e a cada estágio de sabedoria adquirida vai se aclarando dúvidas e curiosidades até chegar a um ponto quem que o passado, o presente e o futuro se misturarão e você compreenderá que se você foi, é porque é, e se é, é porque ainda será. É complicado explicar isso. Só o tempo e o estudo se incumbirão de responder as enormes interrogações que povoam seu ser.

    O anjo falou muito também sobre o perigo que o desespero pode provocar nos seres encarnados e desencarnados. Essa manifestação que está aliada à ansiedade nos inibe impedindo uma tomada de posição e impondo um fracasso iminente em todas as nossas ações. Eu notei que o desespero é uma conseqüência da incerteza do que virá depois e isso estava me preocupando muito, razão pela qual o anjo me fez esse alerta.

    O tempo de estada naquelas partes da cidade estava chegando ao fim e eu notei a alegria que todos estavam sentindo, muito embora ninguém soubesse o que faríamos na outra parte do aprendizado, ou seja, como seria a nossa estada na parte de cima de onde cintilavam raios de luz de uma mistura de cores que causavam fascínio entre todos nós. Finalmente Pedro José reuniu todos num grande pátio que mais se assemelhava com uma arena de rodeios e indicou um ponto no alto, que não era um céu normal, pois se confundiam sóis ou planetas, todos com o mesmo brilho. O que me intrigava era que diante de tantos, o que pareciam ser sóis não havia calor, mas uma temperatura agradável, eu diria 25 graus. Bem, o ponto indicado por Pedro José em dado momento se iluminou e uma voz acolhedora falou agradecendo a todos numa alocução pela estada naquela parte, mencionando pormenores do que havíamos conseguido de “bônus” no resgate de nossa dívida. Em seguida foram lidos os nomes dos que apareciam na faixa luminosa. Ao final da leitura sumiu o que parecia uma tela e como num passe de mágica já estávamos na parte de cima da cidade com milhares de sorrisos nos saudando na imensa praça central que circundava um prédio que se parecia muito com a Capitólio dos Estados Unidos. Ao fazer essa comparação senti uma alegria muito grande, pois já estava começando a me lembrar do meu passado. Seria eu um americano? Um sul americano? Um europeu? Asiático? Africano? Isso ainda era um mistério para mim. O senhor que havia há não sei quanto tempo me falado, me induzido a fazer uma escolha: a parte alta ou a parte baixa da cidade? Aproximou-se e disse:

    __ Muita gente, durante a sua estada terrena te apreciava muito e ainda hoje os que permanecem lá reverenciam tua memória e agora eu sei por que nós aqui também te apreciamos pela sua conduta. O modo como você aceitou todos os desafios impressiona e o torna modelo a ser imitado.

    Aquelas palavras ditas com tanta diplomacia me impressionou muito e eu somente disse uma frase:

    __Agradeço os elogios, mas continuo sem entender nada.

    Ele sorriu e disse:

    __ Tudo há seu tempo. Nada ficará escondido e eu quero ser um de seus admiradores.

    A cidade alta era acolhedora. Seus moradores não eram diferentes daqueles da parte baixa. Tudo era amor e compreensão. Não havias rusgas, não havia discussões, nem fisionomias carregadas. A única diferença entre anjos e aquelas pessoas eram as vestes. Os anjos trajavam vestes brancas e um diadema no centro da testa e nós veste azul claro fosforescente. As edificações eram todas iguais, umas com jardim na frente e outras com jardins nos fundos. Noutros lados era fantástica a urbanização. Agora a minha grande curiosidade era saber o que havia dentro do que eu passei a chamar de “Capitólio”, que mais tarde vim, a saber, que se chamava Transportador Sider Dimensional e que servia para transferir os seres daquela parte da cidade para não sei onde porque os que estavam ali não tinham conhecimento de nada sobre o assunto. Como o cidadão idoso me havia dito, a gente podia optar por casa, chalé ou chácara, eu optei por uma chácara. Eu gostei do aspecto acolhedor da casa, do pomar e da vertente que fazia correr uma água que de tão límpida, parecia azulada. Havia muitas frutas. Uma variedade delas, mas a espécie que eu mais apreciava era uma que se parecia muito com jambo, carnuda e amarelada.

    Eu pensava comigo mesmo como poderia eu ser tão apreciado, se estava ainda às tontas, sem saber nada do meu passado com respeito à família, relacionamento cultural etc.

    Na parte baixa, cada vez o desânimo dava lugar a um estado de promissora segurança, na quase certeza de que aguardava uma coisa muito interessante e de muita alegria. Às vezes eu via rostos familiares ao que parecia uma jovem senhora muito bonita, um casal de velhos simpáticos, mas pareciam tristes com os olhos rasos d’água, parecendo estarem sempre lacrimosos. Os vultos se sucediam, mas eu não me lembrava de alguma coisa que pudesse juntar àquelas pessoas e relacioná-las em minha vida terrena, pois eu tinha certeza que tivera, aliás, uma das poças coisas que eu tinha como certa, exceto o caso do Cláudio, do Pedro José e outros da parte de baixo que eu me lembrava de tê-las conhecido, porém sem saber ao certo qual o papel que tiveram na minha existência terrena.

    Notei quando eu estava num estado de letargia, uns seres vestindo aventais iguais aos daqueles que exercem profissões clínicas me faziam passes localizados. Após uma temporada significativa fui começando a entender as coisas mais elevadas, como o que seria a verdadeira eternidade. Eu já tinha em mente uma verdade: era preciso um dispêndio muito grande de boa vontade para se chegar ao ponto em que o clímax da promessa do Criador a seus amigos do velho testamento. Poderia ser observado a olho nu e daí a visão espetacular do Paraíso nos alertava até chegarmos a ponto da quase perfeição e podermos alçar vôo até o manancial da Luz Maior e da Água da Vida onde limites e espaço eram palavras obsoletas. Sempre nos reuníamos na espaçosa área que eu apelidei de arena para trocarmos experiências, para avaliarmos nossos desempenhos, para sanar dúvidas e nos momentos oportunos falar sobre coisas que vieram a nossa lembrança. Numa dessas reuniões notei que o ancião que disse querer ser um de meus admiradores não estava lá com seu costumeiro sorriso e perguntei o porquê da sua ausência. Explicaram-me que ele, que soube chamar-se Wenceslau tinha recebido permissão para adentrar ao “Capitólio” e fora transferido para o lado misterioso que todos nós estávamos nos preparando para enfrentar. Um ligeiro calafrio parece me percorreu o corpo quando num descuido duvidei e pensei que ali dentro seria o ponto final de todos nós. Foi nesse momento que algo falou dentro de mim: “não temas o desconhecido. Deus jamais desampara os seus filhos. Tudo faz parte do projeto. Nada se perde tudo se transforma. A purificação do espírito exige sabedoria e paciência em alto relevo”.

    Nesse encontro fiquei sabendo que dois dos habitantes dali de nomes Rafael e Jhony, com a desculpa de que iam entrar na fenda horizontal para espairecer observando outros canais, entraram na fenda vertical e voltaram para o espaço livre onde não existe disciplina de regeneração e pela primeira vez ali se abriu uma oportunidade para a criação de uma equipe de voluntários para tentar resgatar os “fujões”. O prêmio no caso de sucesso na missão era de vários graus na escala ascendente que eu concluí que seria uma melhora na posição do aprendizado. Ofereci-me e d pronto o pré-mentor que nos incentivava através de palestras falou sorrindo para mim:

    __ Analisando o seu currículo tinha certeza que você se prontificaria para ser um dos missionários que enfrentará o desafio. Nós todos vamos ficar orando ou rezando, como queiram, por vocês para que com a ajuda de Jesus consigam êxito na espinhosa missão.

    Meus companheiros Pedro José, Cláudio e Zefa, quatro que deveriam entrar na fenda vertical e procurar encontrar os desertores.

    A fenda nos conduziu até o espaço livre. Logo no início comecei a compreender porque se chamava espaço livre. Ali era o que se poderia chamar de antro de libertinagem: espíritos que tomavam a forma humana, outros com características quase humanas, como os “ets”, outros com forma de bichos. Parecia mais um baile à fantasia. Notei que ali não havia edificações, era tudo feito num descampado a perder de vista. Via-se gente conversando, gente dançando, gente embriagada, gente dormindo como que abandonadas à própria sorte. No meio de tantos, milhares ou milhões como encontrar dois, aqueles que eram o objetivo de nossa estada ali? Foi nesse ínterim de pensamentos que algo dentro de mim falou: “a missão não se resume apenas na procura dos dois, mas de ajudar os que estiverem dispostos a subir um pouco mais e enfrentar os desafios do aprendizado”.

    Alguns, no meio daquela euforia dominante, que mais se assemelhava a um bacanal, estavam tristes, então me dirigi a um destes e perguntei:

    __O que acontece amigo! Você não está participando? Está cansado?

    __ Não sou dado a bagunças, não sei por que vim para este lugar.

    __ Se você quiser posso mostrar o caminho que o levara a uma parte diferente, onde se aprende muito, onde se aperfeiçoa para enfrentar os estágios mais avançados.

    __ Eu quero amigo! Permita-me que me apresente, meu nome é Reinaldo, mas pode me chamar de Rei.

    __ Tudo bem Rei. Eu acho que me chamo Álvoro.

    __ Porque acha?

    __ É que ainda não me lembro do meu passado e... Mas é uma história comprida. Vamos ao que interessa você disse que queria enfrentar o aprendizado, então não percamos tempo.

    Dirigimo-nos até o ponto onde se localizava a fenda e Rei fez uma observação:

    __ Isto fica assim, escancarada, sem nenhum impedimento? E se o pessoal daqui resolver subir, não vai causar transtorno?

    Fiquei meio embaraçado com a pergunta, mas logo veio a resposta que brotou dentro de mim, como se eu tivesse um computador ligado as minhas cordas vocais:

    __Não existe empecilho algum para se entrar na fenda. Todos os que se dispuserem a subir para um estagio de crescimento, são livres para fazê-lo.

    __ Graças a Deus que eu encontrei você. Acho que vim para este lugar por engano.

    __ Bom Rei, entre que alguém já esta a sua espera.

    __ Mas como você sabe que estão a minha espera, se você não se comunicou?

    __ Rei eu também não sei como, só sei que tudo isso que esta acontecendo aqui, esta sendo observado e o pessoal de onde eu vim já sabe que você vai chegar.

    Após a entrada de Rei pela fenda, voltei para prosseguir no trabalho para o qual viemos. No trajeto de volta encontrei Pedro José que conduzia dois seres para a fenda e mais atrás Zefa com mais dois. Tanto Pedro como Zefa deixavam transparecer uma felicidade que ultrapassava a alegria de quem tivesse acertado uma loteria de milhões em dinheiro. Zefa ao passar por mim argumentou:

    __ Álvaro meu irmão, estamos conseguindo fazer alguns subir no conceito geral, isto é uma graça!Isto é uma Graça!

    E repetia varias vezes “Isto é uma Graça!” Eu me aprofundei mais naquele espaço barulhento e às vezes hostil e notei que havia coisas muito interessantes também. Mulheres lindas, provocantes e sensuais se aproximavam e falavam coisas maravilhosas numa voz melodiosa. Uma delas achegou se a mim e disse:

    __ Você é novo aqui, Não?

    Eu respondi afirmativamente e ela continuou:

    __Venha!Vou mostrar-te os recantos mais acolhedores, mais românticos e mais afrodisíacos. Não tenha medo. Eu sei que todos os novatos não têm vocação sexual, mas a gente passa pela “Sexodomia” e todo o apetite sexual que você tinha voltará em dobro e daí é só pensar no prazer.

    Eu me senti como um adolescente diante da primeira mulher, quando da a primeira experiência sexual. Ela era muito linda. Era uma obra prima. Ela pegou minha mão entre as suas e me olhava com um brilho tão intenso nos olhos, que eu comecei a sentir calafrios. Quando ensaiei os primeiros passos para acompanhá-la escutei dentro de mim uma mensagem bíblica: “Diante de ti ponho o dia e a noite, o medo e a valentia, a dor e o sorriso, a prece e a maldição, o amor e o ódio, o bem e o mal, a vida e a morte. Você escolhe. Nada é proibido, tudo é permitido, porém nem tudo nos convém. Você tem livre arbítrio para escolher. Eu quero a todos na espontaneidade, não na imposição”. Relutei! Parei e delicadamente retirei minha mão dentre as dela e disse:

    __ Talvez mais pra frente, agora não.

    Ela sorriu:

    __Por que não? Eu sei que você virá. O gozo não é pecado.

    Pedro José vinha correndo e gritando meu nome:

    __Álvaro! Álvaro!

    Eu parei, voltei-me e o vi com a fisionomia carregada de preocupação, enquanto a beldade se distanciava remexendo acintosamente os quadris.

    Pedro colocou as mãos nos meus ombros e disse carinhosamente:

    __Meu querido irmão, eu senti uma vibração negativa e logo me veio à tona seu nome. Eu corri para tentar socorrê-lo.

    __ O que há demais em receber uma cantada de uma criatura tão envolvente? (disse com ironia)

    __ Álvaro, por trás dessa adorável carcaça está o mal, está a treva. Não se deixe seduzir.

    __ O que você sabe sobre isso? Por acaso já foi seduzido?

    __ Meu irmão eu já devia estar além do “Capitólio”, como você o batizou, muito antes do Wenceslau. Eu já estava à espera apenas do preenchimento de uma pequena lacuna existente em minha ficha. Vim para este lugar realizar um acompanhamento e me deixei influenciar pela beleza e pelo êxtase e voltei para as partes baixas. A descida é muito dolorosa companheiro. A gente sente vergonha de quem sente pena da gente. É uma coisa mais ou menos assim.

    __ Ninguém conseguiu levar uma dessas mulheres para a parte de cima?

    __ Sim! A Joana era uma dessas mulheres que com a ajuda do Wenceslau conseguiu vencer o desejo da senda da Liberdade. Foi para a parte baixa do ciclo posterior, resgatou toda a sua dívida e está apta a passar para outro estágio.

    Pedro falava com orgulho dessa passagem que até me fez perguntar:

    __ Você fala dela com muita ênfase, como se fosse uma conquista sua também.

    __ De fato na nossa vida terrena ela era minha irmã.

    Essa declaração feita com voz embargada pela emoção me deixou muito comovido que declarei:

    __ Estou muito feliz por você, Pedro e pela sua irmã.

    Voltamos a nos preocupar com nossa missão. Zefa já se encontrava em nossa companhia quando novamente a mulher bonita se aproximou e disse:

    __ Você não é de se jogar fora. Com um pouco de boa vontade nós poderemos fazer de você uma linda mulher. Pra que pensar em estudo, em aperfeiçoamento?

    Zefa limitou-se a olhá-la com profundo desapontamento sacudindo a cabeça num muxoxo, que parecia um diálogo de olhares:

    __Você é que deveria livrar-se dessa fantasia que fascina os homens. Ser o que você realmente é. Voltar a se encontrar com seu passado, analisar criteriosamente e vir com a gente. Começar a se livrar dos seus tormentos.

    A mulher ficou séria e agressiva respondeu:

    __ o que você sabe sobre mim, sua bruxa?

    __ tudo! As fases porque passamos nos deram sabedoria para ver além das aparências e o que vejo em você é digno de pena.

    A mulher esbravejou e saiu resmungando em direção a um aglomerado de seres que davam entrada ao local, vindos não sei de onde. Eu, pela primeira vez senti um suave fascínio pela minha companheira Zefa e não contendo a curiosidade disse:

    __Zefa, você se saiu muito bem. Jamais pensei que você tivesse essa capacidade, esse conhecimento.

    __ Todos nós que passamos por aquela fase de aprendizado temos esses méritos de desmistificar os laços do mal. Você não viu nela o que eu vi porque se deixou levar pelo fascínio da primeira vista.

    Essa argumentação me balançou, principalmente pelo olhar que Zefa me lançou quando se referiu a mim, que eu resolvi dar por terminada a conversa.

    A procura pelos dois continuava na imensidão descampada onde dificilmente se via uma edificação e os existentes eram sempre ocupados pela euforia dominante daquele lugar. Muito som, gritaria, cantoria, lutas assistidas por platéias ululantes. Foi numa dessas que encontramos Rafael e Jhony gritando como possessos, torcendo por um dos lutadores. Pedro se aproximou e delicadamente falou com Rafael:

    __ Amigo, nós viemos atrás de vocês. Queremos que voltem para nossa local de aprendizagem.

    Rafael portou-se como se não conhecesse a Pedro e novamente se juntou ao companheiro Jhony que nem parecia nos conhecer. Pacientemente Pedro dirigiu-se novamente até Rafael e mudou de tática:

    __ Essas lutas são ótimas, não? A gente pode apostar em um dos contendores?

    Rafael interessou-se pela pergunta e prontamente respondeu:

    __ Claro! Eu estou apostando no Polaco, com cabelo parecendo escova. Ele tem um tremendo dum soco, que se pegar no queixo, um abraço! É nocaute na certa.

    Pedro o observava deixando transparecer uma profunda decepção. Rafael, o rapaz atencioso e prestativo, naquele estado, apostando em lutas de rua!

    Quando Pedro se preparava para sair dando por encerrado o papo, Rafael encarou-o e disse:

    __ Você veio até aqui só para nos resgatas, ou pelo menos tentar?

    __ |Sim, amigo. Vocês são muito valiosos para todos nós, principalmente para mim que conheço a sua história.

    __ Pedro, você pagou caro na vez que esteve aqui.

    __ Eu sei! Mas era preciso. Eram dois amigos que estavam e estão precisando de ajuda. Eu tinha que correr esse risco junto com mais três companheiros.

    __ Pedro, meu amigo agora estou vendo que vocês são mais que amigos são irmãos. Só Jesus se doou por todos e vocês se doam por dois!

    Dito isto Rafael foi até onde estava Jhony e começou a gesticular mostrando-nos. Devido à distância não dava para entender o que diziam. Notava-se que a conversa não agradava muito a Jhony que só depois de muito papo acabou concordando, ao que parecia, pois os dois se dirigiram até onde estávamos e Jhony disse:

    __ Vamos logo então, antes que eu me arrependa.

    Respiramos aliviados, pois nossa missão estava quase terminando. Na volta para a colônia fiquei pensativo e Pedro me inquiriu.

    __ Amigo Álvaro, por que está tão calado? Taciturno?

    __ Uma coisa eu não compreendo, Pedro. Quando cheguei na parte baixa me disseram que seu nome era Adolfo, depois eu me lembrei de você e lhe chamei pelo nome. Levando em consideração essa falha, também eu posso não ser Álvaro, mas outro nome qualquer.

    __ Meu irmão, como o nome aqui não é importante, alguém me chamou de Adolfo. Eu goste do nome e passei a ser Adolfo. Você chegou a se lembrar e chama-me pelo meu verdadeiro nome. Eu achei que você se parecia com um determinado Álvaro e o chamei assim, até que você se recorde de seu verdadeiro nome.

    Em dado momento ao ver tanta gente parecendo abandonada à própria sorte, ao sentir um grande constrangimento, me veio à tona um nome “Beto”. Talvez de Roberto, Alberto ou talvez Felisberto.

    Beto ou Álvaro, não importa. Você vai se lembrar. Tenho certeza! Daí vai dar razão a todos que o admiram.

    Aquelas palavras do Pedro me deixaram muito impressionado. Que tinha feito, eu? Será que fui político? Jogador de futebol? Basquete? Vôlei? Ou talvez um sacerdote, um pastor. Quem fora eu? Meu Deus! Por que não me lembrava? Seria isso meu maior castigo? Ou sei lá. Sacrifício? De vez em quando eu via passar num relance cenas esquisitas, como microfones, gente me olhando, caminhões cheios de (ao que parecia) alimentos, famílias mal trajadas, crianças magrinhas e a palavra em letras garrafais CIDADANIA, mas não havia seqüência. De um momento para outro tudo se desvanecia.

    Chegamos à colônia e uma pequena multidão nos aguardava. Após os costumeiros sorrisos e abraços próprios de reencontros, todos nós estávamos em estado de oração. Agradecemos ao Todo Poderoso pelo sucesso da missão e pelo retorno. Depois alguém falou: Consultem a consciência e tirem as conclusões mais justas. Ou ficam aqui ou vão para a parte de baixo. Um profundo silêncio pairou sobre todos e vi Rafael e Jhony se encaminharem para o beco que conduzia a parte baixa. Pedro também caminhou na mesma direção. Não sei explicar por que “cargas d’água” eu também fiz o mesmo. Trilhei o mesmo caminho e quando chegamos fomos recebidos com a mesma ternura da primeira vez, só que por outros. Depois de nos alojarmos eu não contive a vontade de uma explicação por parte de Pedro.

    __ afinal, o que viemos fazer aqui?

    __ Álvaro, você podia ter ficado, mas não ficou!

    __ Por que veio?

    __ Talvez pelo mesmo motivo que você. Afinal nós estamos no mesmo barco perseguindo as mesmas conquistas, chegar a um denominador comum que possa nos indicar um caminho seguro a seguir.

    Rafael, Jhony, Pedro e eu resolvemos ficar juntos em uma casa grande das muitas existentes e que justamente servia para abrigar várias pessoas que não queriam ficar sós. Nós nos dávamos muito bem. Conversávamos a respeito de coisas passadas que vinham aflorando em nosso pensamento. Pedro falou do seu trabalho em uma grande emissora e de como me conheceu e de quando trabalhamos juntos, só que eu não sabia ao certo se era subordinado de Pedro ou se era seu superior. Quando essa pergunta foi feita Pedro mudou de assunto. Durante nossa segunda estada na parte baixa tivemos duas incursões, uma até onde se encontrava Wenceslau, o ancião que falara comigo pela primeira vez na parte alta da cidade, outra a uma colônia diferente onde todos se ocupavam em estudar métodos de aperfeiçoamento para depois de formados saírem em equipes que tinham como objetivo aliviar sofrimentos daqueles que não haviam conseguido se libertar das coisas que deixaram na vida carnal. Como eles classificavam, para nosso esclarecimento de terapia para cortar o cordão umbilical de todos os que ainda continuavam ligados à família, amigos e negócios. Achei esse trabalho muito interessante e os preletores explicaram que logo que eu cumprisse meus compromissos onde me encontrava eu poderia optar por aquele estudo. Mas o meu interesse era o de lutar para conseguir transferir-me até onde se encontrava Wenceslau por considerá-lo um ser diferente e ao mesmo tempo muito unido a mim em algum lugar do passado. Nas minhas conversas com ele fiquei sabendo de coisas que me pareceram familiares como os modos de sua mãe, uma italiana de pulso firme nas suas decisões. Eu ri muito quando ele disse que ela, quando nervosa, usava muito estas duas frases: “porca pipa” e “porcojuda”. Wenceslau em dado momento ficou sério e pensativo quando eu disse que ainda não tinha me lembrado do meu passado e falou:

    __ Eu vou te ajudar! Por méritos já conseguidos, posso solicitar recursos para acompanhá-lo no seu desenvolvimento e ver onde está o entrave que impede você de recordar.

    Dito isto se ausentou por algum tempo para depois retornar com um sorriso nos lábios ao anunciar:

    __ Consegui autorização!

    A vida na parte baixa ficou mais alegre e convidativa com a presença de Wenceslau, pelo menos para mim que via nele uma esperança para a solução de meus problemas, principalmente o de recordar o meu passado. Ele se ocupava em me fazer passes e orações. Por diversas vezes quando estava recostado, imerso em um estado parecido a um sono profundo. Ao despertar via-o falando frases que eu não podia distinguir bem. Ele, quando isso acontecia, sempre num sorriso maternal me dizia:

    __ Estamos progredindo com bastante rapidez.

    Um dia (não sei quanto tempo depois) senti como se um peso saísse de minha cabeça e duas escamas caíssem dos meus olhos. Olhei para Wenceslau e não pude conter um grito.

    __ Papai! O senhor é Wenceslau! Por que a troca de nome?

    Ele deu um pulo e aproximou-se de mim me abraçando.

    __ Filho, Graças a Deus você venceu a amnésia espiritual e está preparado para saber tudo sobre você mesmo e o que poderá fazer em prol dos que sofrem.

    __ Pai, você se chama Danilo. Seu Danilo da farmácia. Por que Wenceslau?

    __ É simples. Agora você vai compreender. O nome pelo qual fomos batizados é o nome carnal. O espírito já possuía um nome original. Você, por exemplo, chamava-se Roberto, Dr. Roberto ou Betinho para os mais íntimos, mas o seu espírito, ou seja, você no estado natural, chama-se Álvaro. O Pedro como nós o conhecemos, na realidade chama-se Adolfo. Ele foi sepultado com seu corpo muito embora quem está encarnado e o conhecia reverencia sua memória como sendo o famoso Pedro Jose, locutor.

    Eu passei a recordar de tudo. Sabia que era casado com a Maria de Lourdes, arquiteta e tinha dois filhos: Catarina e Cristóvão, que fui engenheiro responsável pela construção de várias pontes, que se tornaram famosas, e que me especializara em pontes, por gostar de unir pontos, unir margens, unir povos, por isso me ocupei muito na vida em fazer prevalecer a verdadeira cidadania conforme o meu lema. "Não existe cidadania onde ingressa a fome e toda a injustiça social”. Fui recordando tudo até que num ponto eu passei e deixei transparecer a minha decepção. Seu Danilo Aproximou-se de mim e disse:

    __ Calma! Esse é o ponto mais crucial das recordações, saber de que morremos e como morremos.

    Eu não queria me lembrar daquela parte, mas animado por papai, Pedro e os outros fui rememorando e vi quem havia posto a carga de dinamite na pilastra cabeceira da ponte: vi quando ele acendeu o estopim e se safou utilizando-se da capoeira existente nas imediações, me vi ao lado do Dr. Lucio que era o meu companheiro Cláudio e dois ou três garis que varriam as extremidades da ponte semiconstruída. Vi a explosão e as várias toneladas de massa inerte que se precipitava para as águas do rio juntamente conosco. Vi a ânsia que tomou conta de mim, pois caí ainda com vida nas águas revoltas do rio, a tentativa frustrada de socorrer o Lúcio, salvamento dos garis e por fim a minha morte por afogamento. Após recordar essa passagem, notei que todos me olhavam com desusado interesse, procurando adivinhar a minha reação. Uma coisa não me vinha à lembrança: Há quanto tempo aconteceu o meu desenlace? Rafael e Jhony chegaram-se até mim e começaram a chorar abraçados a mim e Rafael disse:

    __ Nós éramos os garis que você socorreu da água. Porém os ferimentos causados pela explosão eram muito graves e nós não resistimos e morremos a caminho do hospital.

    Meu pai contristado por ver o meu sofrimento disse:

    __ Já se passaram vinte anos terrestres desses acontecimentos.

    __ Vinte anos! Então minha esposa já é cinquentona? Meus filhos já se casaram? Ou talvez...

    __ Não! Eles ainda estão vivos, inclusive sua esposa prossegue a sua luta em prol dos necessitados. Não se casou novamente e criou um lar do menor carente que tem o seu nome na intimidade “Lar do Betinho”.

    Após ter me lembrado de tudo foi fácil o meu aprendizado, voltamos para a cidade alta, dediquei-me aos estudos e voltei várias vezes à esfera vertical participando de missões de catequização para aqueles que se dispunham a evoluir enfrentando o aprendizado.

    Um dia meu pai me disse:

    __ Você gostaria de conhecer por dentro o que você chama de Capitólio?

    __ Claro! Quem não gostaria?

    __ Pois consegui autorização para partir e levá-lo junto para onde eu estava.

    __ Mas, e os outros?

    Pedro ou Adolfo, Cláudio, Joana e Zefa já foram hoje. Não se despediram porque eu os informei que você ia comigo.

    Quando entramos na grande sala ovalada notei que nada existia de estranho na grande sala ovalada. Notei que nada existia de estranho como eu imaginava: Uma sala cheia de complicadíssimos instrumentos. Nada, além disso. Ali dentro algumas pessoas ajoelhadas parecendo em profunda meditação. Todas elas com uns mantos azuis celeste, impecáveis. Muito limpo, um cinturão que emanava luz com o brilho mais forte que raio lazer. Para ser transportado para a outra esfera era preciso se ajoelhar, entrar em oração e esperar uma luz fosforescente que surgia do alto inundando todo o ambiente. E como num passe de mágica, num piscar de olhos (pelo menos pelos meus cálculos) estávamos na esfera superior. Quando chegamos fomos recebidos pelos companheiros que estavam conosco na cidade anterior e por alguns que não se pareciam com a gente, pois a simples aproximação deles nos causava uma sensação de calma e tranqüilidade. A cidade era bem diferente. Havia gente andando, gente voando. As casas eram de uma cor linda que parecia uma mistura de lilás com verde ou azul com amarelo. Bem, é o que conclui pela maravilhosa visão. Meu pai ou seu Wenceslau conforme o chamavam já tinha estado ali, mas eu que chegava a pouco fui requisitado para uma entrevista com o que parecia ser um Preletor. Era uma entidade carismática e de cativante benevolência que após me deixar à vontade me disse:

    __ Você já viu como aconteceu o seu desencarne juntamente com os companheiros que vieram contigo. Como era você o pivô do caso do acidente, como foi classificado naquela época, mas na realidade foi um atentado que tinha um objetivo: acabar com a sua vida, o que foi conseguido. É você quem vai decidir:

    __Meu senhor, decidir o quê?

    __ A pessoa que colocou os explosivos também já está livre do invólucro carnal e sofre os tormentos não impostos por entidades superiores, mas ditados pela sua própria consciência. A tua palavra vai decidir o destino dele. Se você o ignorar ele ficará talvez alguns séculos nesse estado e depois iniciará a sua recuperação, se você o amaldiçoar ele permanecerá para sempre naquela baixa dimensão, se você perdoá-lo e quiser apressar o seu restabelecimento tem o livre arbítrio de ir até ele e começar o trabalho de ensinamento. Pense e reflita. A sua decisão é respeitada por todos nós e por Deus.

    Fiquei pensativo e me pus a analisar os prós e os contras. Ele me havia truncado um projeto de vida, pois na época eu tinha apenas 38 anos de idade, era feliz com minha família, muito benquisto na sociedade, desenvolvia um trabalho de apaziguamento social reforçando a tese de que todos têm direito a vida com alimentação, moradia, saúde e educação. Tudo isso ele estupidamente havia colocado um ponto final, porém, e se ele não estivesse sabendo o que fazia? Se não tivesse avaliado o prejuízo existencial que aquele gesto causaria a várias pessoas? Logo me veio à mente uma frase dita por um soberano que se fez humilde “Pai perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” e ainda em suplício na cruz “Em verdade vos digo: hoje mesmo estarás comigo no paraíso”. Seria eu melhor ou mais importante que o Mestre? Era uma decisão que eu tinha de tomar. Conclui que se queria atingir um ponto que vislumbrasse a Luz desse Mestre, tinha que ser seu discípulo tinha que me deixar embriagar pelo amor, iniciando pelo perdão. Virei o olhar para o carismático senhor e disse resolutamente:

    __ Eu vou até ele levar meu amor para tirá-lo dessa situação aflitiva.

    O senhor sorriu e disse:

    __ Eu sabia que meu amor por você só tinha que aumentar.

    E finalizou:

    __ Sábia decisão. Sábia decisão!

    Saí da sala de entrevista e encontrei meu pai numa praça que existia defronte a edificação que desempenhara o papel do que poderíamos chamar de “Duana”, ou seja, onde se fazia a triagem dos que chegavam.

    Seu Danilo ou Wenceslau estava sentado e quando me viu levantou-se com um largo sorriso.

    __ Você aceitou o desafio? Ou deixou tudo como está?

    Eu respondi já adivinhando a reação que suscitaria no patriarca:

    __ Sim! Eu vou descer ao fundo do poço para lutar, retirar apenas um balde que lá se encontra, mas é um balde que faz parte de minha vida. Faz parte do meu aprendizado.

    __eu sabia, Álvaro ou carinhosamente meu Betinho que a sua resposta não seria outra a não ser essa que conscienciosamente você deu.

    E acrescentou:

    __ infelizmente eu não posso acompanhá-lo, pois essa é uma missão sua particular que vai credenciá-lo a progredir muito mais ainda na escala ascendente.

    __ Eu já imaginava isso, meu pai e estou preparado e por amor a Jesus eu vou vencer esse desafio.

    Não houve muitos preparativos, nem pompas na minha partida. A animação que me dominou na saída foi as milhares de mãos acenando e as luzes emanadas delas num espetáculo que eu queria ter palavras para descrevê-lo. A volta foi como imaginei, rápida e esquisita a cada estágio descendente eu ia me sentindo menor, insignificante. Era como se eu estivesse em um vagão do metrô. A cada estação eu via multidões que me olhavam ignorando-me até que cheguei ao antepenúltimo estágio. A escuridão era uma constante. Os que ali se encontravam parece que andavam as cegas, apalpando, tateando. O curioso é que existiam muitas entradas e saídas, umas para cima, outras para baixo, o que dava a impressão que se a pessoa ali estava quisesse subir, não existia empecilhos, do mesmo modo se quisesse descer também ali estavam as portas escancaradas. Mais tarde fui saber que a maioria não via as saídas porque para vê-las era preciso se lembrar de Deus, era preciso reavivar a sua fé e com muita força de vontade, pedir por socorro. Então ele poderia encontrar a saída (claro, nesses casos) para cima. A procura continuou. Eu sabia agora quem era o responsável pela explosão da ponte, nada mais, nada menos que o encarregado das obras de nome Sandro que eu tinha despedido por haver na época cometido várias faltas graves, uma delas que resultou na sua demissão foi a de substituir material de segurança por material de qualidade inferior, de resistência duvidosa. A mágoa originou a vingança que resultou na morte de quatro pessoas, incluindo eu. Mas isso era coisa do passado. A minha missão era encontrá-lo e através do perdão induzi-lo a se arrepender e pedir com muita fé o socorro de Deus para sair dali e iniciar a longa caminhada em direção a Luz. O espetáculo que meus olhos presenciavam era de estarrecer: Seres se contorcendo, outros com as mãos envolvendo a cabeça como se estivessem tentando recordar alguma coisa. Era deprimente e na realidade ninguém, nenhuma força superior havia imposto aqueles sofrimentos. Tudo era fruto do que se conseguia armazenar na vida terrena. Andei, volitei durante muito tempo até que em uma parte bem afastada daquele lugar, sempre envolto em crepúsculo eu senti uma luz forte que dominava a área que equivalia a cem metros quadrados. Ali estavam dois seres, emanando aquela luz. A o ver-me eles me saudaram e um deles medisse:

    __ Já tínhamos conhecimento de que você viria e estávamos a sua espera.

    Após conversar com eles, soube tratar-se de dois que eram de um plano superior que se encontravam ali em uma missão de apoio aqueles que estavam dispostos a refazer a caminhada. Marcio e Lázaro conforme se apresentaram me acompanhavam a todos os antros onde podia se encontrar Sandro, por fim o encontramos encolhido em um canto, imóvel como se estivesse paralisado. Os seus olhos estavam fixos no nada e sua fisionomia era de profundo desespero que eu senti pena ao invés de revolta, que eu imaginava seria a minha reação inicial. Aproximei-me dele e chamei pelo seu nome terrestre:

    __ Sandro, sou eu o Betinho.|Você me ouve?

    Ele vagarosamente virou a cabeça olhou-me com olhar suplicante e disse:

    __ Betinho, você veio para me amaldiçoar e por fim a esse martírio?

    __ Não, meu amigo. Nós nos dávamos tão bem que um gesto impensado seu não vai emperrar a admiração que sempre senti por você.

    Ele lacrimoso prosseguiu:

    __ Você teria coragem de me perdoar da minha maldade e da minha fraqueza?

    __ Claro! O que mais interessa agora é prepará-lo para enfrentar um aprendizado que vai qualificá-lo para outras esferas onde só a amizade, o amor e a compreensão habitam o nosso interior.

    Ele chorou copiosamente e eu fiquei contristado, pois nunca tinha presenciado no Pós-morte terrena, uma cena como aquela. Os dois que me acompanhavam Marcio e Lázaro deixou transparecer a sua tristeza, mas informaram que aquela manifestação de choro era uma desobstrução das feridas negativas da sua atuação terrena.

    Sandro necessitava apenas do meu perdão para se redimir das faltas e se adaptar ao aprendizado inicial que era como um tratamento hospitalar pelo qual eu não havia passado talvez por algum mérito especial. Ele pediu com entusiasmo dos que desejam ardentemente se livrar das algemas do mal e foi atendido. Colaborou na recuperação de sua saúde espiritual e eu o acompanhei em todo esse possesso até levá-lo a cidade colônia onde eu já estivera em sua parte baixa por duas vezes. Era sempre uma festa quando se chegava a cidade. Muitos do meu tempo ainda lá se encontravam e estavam esperando para dar as boas vindas.

    Sandro após ouvir as mesmas palavras que eu ouvira de Wenceslau, ficou alguns momentos em profunda meditação e depois apertou a minha mão e disse resoluto:

    __ Eu vou para a parte baixa.

    Eu assenti com a cabeça e tomei a mesma direção que ele. Chegamos e da mesma forma estavam nos esperando numa apoteose de sorrisos e manifestação de carinho. Sandro tinha milhares de pontos a resgatar, mas como ali era praxe a matemática da igualdade, passado algum tempo estávamos já se preparando para subir até a arte alta. Ele se mostrava muito obediente e até temeroso quando lhe mostrei a fenda vertical, ele olhou de longe e comentou:

    __ Betinho, meu amigo e irmão eu tive a felicidade de ser perdoado por você que, além disso, ainda se interessou pela minha recuperação, pode estar certo que eu nunca mais quero descer. O meu objetivo é subir, não por orgulho, mas para ser como você, capaz de ajudar, de perdoar, de conduzir e de esquecer as faltas.

    __ Ora Sandro, quem salva é Jesus, é Deus, eu sou apenas um aprendiz que quer ser instrumento de seres superiores para levar esperança e coragem para os que estão dispostos a trilhar os mesmos caminhos pelos quais passei.

    Voltei para a esfera onde se encontrava meu pai, ou Wenceslau e quando lá cheguei além da festa habitual de recepção recebi uma notícia que me deixou curiós: Meu pai disse num sorriso aberto:

    __ Eu tenho uma novidade que vai lhe deixar muito feliz. Talvez mais feliz do que você imagina.

    __ O que seria? Eu ganhei um passaporte para o último estágio?

    __ Não tanto. Mas o que gostaria de ver ardentemente?

    __ Ora seu Wenceslau, meu estimado pai, é claro que gostaria de saber sobre minha mãe. Como ela está e em que condição está?

    __ Pois é ela que te espera naquela sala onde o preletor o recebeu quando aqui chegaste.

    Eu fiquei atônito com a notícia e pela primeira vez tive uma sensação de tremedeira. Minha mãe que eu me lembrava alguns dias do meu desencarne esteve em casa e me fez uma macarronada a Italiana estava ali e em sala especial. O que será que tinha acontecido?

    Com passos rápidos fui até a porta, permaneci por algum tempo inerte sem saber o que fazer. Daí ouvi uma voz suave como a conhecida voz de antigamente.

    __Betinho, meu filho entre!

    Eu sem conseguir conter a agitação que tomou conta de mim entrei vagarosamente e vi o mesmo rosto querido, o mesmo sorriso acolhedor, os mesmos braços abertos que tantas vezes me enlaçaram numa afetuosa demonstração de carinho e eu esqueci de tudo, de todos os problemas enfrentados e senti que voltei a ser criança.

    Eu falei da alegria daquele momento, das recordações, fiz dezenas de perguntas, sem ao menos esperar respostas até que ela sorrindo disse:

    __ Calma! Uma coisa de cada vez. A sua grande pergunta é como vim parar aqui e quando vim?

    Logo depois que você passou para o lado de cá, eu fui acometida de um mal súbito e devido ao desgaste natural do coração, já combalido pelos anos fui para a UTI e fiquei em coma profundo durante três semanas, depois houve o desenlace. Fui agraciada pela vivência que tive, pela educação que dei a vocês, filhos e pelo bem que procurei fazer aos necessitados, já passando para uma esfera maior.

    __ A senhora viu a minha aflição? A minha angústia quando não me lembrava de nada?

    __ Vi sim e tinha certeza que somente o seu pai seria suficiente para ajudá-lo a compreender tudo e culminar com esse gesto maravilhosa de perdoar o Sandro e o acompanhar no seu desenvolvimento. Estou muito feliz por você, meu filho.

    __ Mãe um dia não poderemos nos reunir e formar aquela harmoniosa família que tínhamos?

    __ o tempo dirá meu filho. O Deus e Senhor que sempre foi o centro e o objetivo de nossas ações na Terra quer para seus filhos a felicidade plena, completa. E se isso for realmente a Vontade Dele e for o melhor para nós, tenha certeza querido, Ele o fará, Ele o fará!

    Fiquei sabendo por minha mãe que se chamava na Terra dona Tereza e espiritualmente, Zafira que meu irmão Charles e minha irmã Karem ainda se encontravam encarnados e que estavam respeitando os ensinamentos do “berço” numa vida serviçal e filantrópica, não dando motivos para preocupações.

    Ao despedir-me de minha mãe senti que a eternidade não é como eu pensava e como a maioria pensa, um “deitado eternamente em berço esplendido”. Eternidade é movimento, é fazer parte do universo que sempre está em operação simétrica, em equilíbrio constante, em evolução permanente e eu espírito e você terráqueo ou outros tipos de vida superior ou inferior fazemos parte dele porque somos obra do mesmo artista, Deus. Eternidade é ir em frente em busca da Luz maior, é compreender que não se pode lutar apenas pelo meu sucesso, é preciso dar ênfase ao vocábulo coletivo “NÓS”, é sentir a justiça como aberta a todos, é auxiliar aqueles que se encontram presos às teias da imperfeição, é querer, é desejar eloqüentemente que todos cheguem a Luz, que todos bebam da água da vida, que não haja um só perdido na escuridão treval, que os bilhões de moradas preparadas sejam habitadas e convivam no amor, é esquecer a dúvida, é acreditar na confraternização universal.

    OS MISTÉRIOS DO INFINITO

    A fonte donde brotava água límpida era uma prova de que todos ali poderiam se utilizar daquele líquido Divino, que tinha um gosto muito diferente da água comum. Sua ação quando solvida era de profundo apaziguamento das partes em conflito dentro de cada ser. Seu sabor era de um paladar indescritível e ela nos proporcionava um alívio que era um misto de gozo e calma, além de nos impor uma vontade de participar, de ajudar, de escrever, ditar, de equilibrar ações, de vislumbrar coisas opostas etc. o seu perfume era inebriante e insinuante. O guia explicava:

    __ Existem milhares de fontes como esta. É só precisarmos, pois se com oração convicta pedirmos, que ela surge, não se sabe de onde. Só sabemos que ela vem de Deus.

    A sebe que circundava a fonte, a cada intervalo de tempo, não se pode precisar o espaço, se iluminava de um brilho tão airoso e radiante que ofuscava e dependendo do estado fluídico em que a gente se encontrava, até cegava instantaneamente. Um caminho florido onde havia uma mistura de cores se destacava à direita até terminar numa edificação de traços arquitetônicos arrojados, com formato arredondado onde se viam raios cintilantes brotarem de sua cúpula. O guia nos informava que poucos tinham permissão de chegar até lá por se tratar de um local onde “iluminados” faziam suas orações em prol de todos aqueles que sofrem as torpezas trazidas de vidas anteriores.

    A cada espaço de tempo um ente das centenas de seres que ouviam explicações, elevava-se e dos demais, fazia uma saudação que não consigo descrever e subia até sumir de vista. O curioso é que eles se mostravam tão alegres que não regateavam sorrisos e acenos para os que ficavam.

    __ Eles conseguiram se libertar dos grilhões (disse o guia) pesados que os prendiam nesta dimensão e sobem para um plano superior.

    Eu me olhava e não via peso algum atrelado a mim. Onde estavam os grilhões?

    O guia lendo meus pensamentos respondeu:

    __ O termo “grilhões” é apenas comparativo. O que pesa em nós são as coisas que povoam nossa mente, ofuscam a Luz, inibem nossos passos e desoriente nossa vocação de sermos livres como aqueles que deixaram a água purificada, pelo sacrifício do Herdeiro do Trono, realizar a limpeza profunda, abandonando-se aos desígnios do Criador.

    O curioso é que o guia quando abria a boca para falar deixava a mostra seus dentes brancos que cintilavam como se fossem lapidados em diamante.

    __ Se você se olhar no espelho (continuou o guia) vai ver que também os seus dentes cintilam, pois as preciosidades dos metais e das pedras, que existem raramente no seu mundo inferior são atributos normais para os que estão num médio plano espiritual. Tudo de belo e valioso que existe na Terra foi criado para demonstrar o quanto Deus quer bem ao homem e o seu espírito, o suposto e o preposto.

    De vez em quando, como se transformassem os céus em grandes telas cinematográficas eu via cidades conhecidas em seus formatos, locais convidativos e outros agressivos e misteriosos, que parecem queriam fazer-me lembrar alguma coisa já passada. Uma das cidades me causava medo e angústia, mas o seu traçada me fascinava tanto, como a sua localização, circundadas por pequenas propriedades, com número muito elevado de pomares e pequenos riachos. Vendo a minha inquietação o guia achegou-se a mim e com delicadeza tocou meu ombro e com um paternal sorriso falou:

    __ Procure dar ênfase somente as partes dessa cidade que te fazem feliz e eventualmente as partes que te ferem e oprimem irão se transformando em benesses que vão gradativamente entrando em sintonia com as outras partes que te fazem feliz. Todos nós temos os nossos “edens” e nossas “Sodomas”. Só Deus sabe dessa guerra íntima que temos ou que já tivemos e que em muitos permanecem por várias fases.

    Eu segui o conselho do guia após solicitar licença para sair do grupo, dirigi-me até a cidade que ficava num planalto além de uma região acidentada, com altos e baixos. Cheguei à entrada e verifiquei que era de ruas de lamacentas e escorregadias, justamente uma das partes que me causava angústia e fiz como me ensinara o guia: pensei firme nas partes bonitas e acolhedoras e como por encanto as ruas lamacentas iam se tornando alegres. Suas casas ganhavam movimento e eu ouvia hinos e músicas envolventes. À medida que eu ia passando pessoas que pareciam já terem passado pela minha vida me cumprimentavam e algumas me perguntavam: por que demorou tanto a vir nos visitar. E assim fui avançando sentindo uma aura envolvente. Quando cheguei ao centro da cidade já ao invés de sentir angústia e medo das partes lamacentas da entrada comecei a sentir pena, profundo amor por aqueles que permaneciam ali na parte baixa, porém me intrigava aquela desigualdade. Ali também existiria a odiosa discriminação? A segregação grosseira e estúpida a qual eu parecia também fora vítima? Não! Devia ser um engano. Notando em mim o desapontamento e a minha ânsia de desmistificar aquele entrave que colocava em dúvida minha crença de que, livre do invólucro carnal todos são iguais para o Pai. Um senhor aparentando ser bem mais velho do que eu se aproximei:

    __ Na verdade, para o Pai todos somos iguais em valor energético, porém utilizando-se do seu livre arbítrio, que aqui também existe, aqueles seres que você viu na entrada da cidade, de livre e espontânea vontade, considerando não serem dignos de receberem o mesmo tratamento, em razão do que foram em vida, abdicaram dos regalos das partes altas até se sentirem libertos das acusações da própria consciência, para depois subirem e ocuparem os espaços que continuam reservados para eles. Portanto não há discriminação, nada que os possa diminuir perante Deus e perante os outros. Estamos sempre os visitando. Temos orgulho de todos eles. Orgulhamos-nos por eles fazerem parte da nossa colônia. Você já fez uma análise da sua vida terrena? Já decidiu onde vai ficar? Temos casas, chácaras e chalés vagos. Aqui é você quem vai escolher. Se você se achar merecedor escolha um local e fique conosco. Se achar em dívida com os sentidos naturais das coisas criadas, no lamaçal também existem alojamentos. Você escolhe e sua decisão é respeitada por nós e por Deus.

    Consultei minha consciência e senti um vazio. Senti vergonha do meu interlocutor e desenxabido agradeci e me virei em sentido contrário, em direção a parte baixa, não sem antes ouvir do ancião estas palavras saídas com um sorriso bondoso e amigo.

    __ Nós te amamos e estaremos te esperando.

    Dezenas de seres estavam me esperando no comprido beco que dava acesso a parte baixa da cidade. Todos traziam um sorriso acolhedor estampado nos rosto. Um deles que dava a impressão ser o líder falou com voz parecida com uma que eu já tinha ouvido muito, não sei onde e nem quando.

    Amigo, permita-me chamá-lo pelo nome. Álvaro, nós já sabíamos que você viria até nós. Tanto é verdade que até já fizemos os cálculos de quantos pontos você terá que resgatar para começar o aprendizado. Três mil setecentos e oitenta. Um número a primeira vista um tanto elevado, mas eu quando aqui cheguei tinha que resgatar oito mil setecentos e cinqüenta pontos e já resgatei mais de oito mil. Para ser exato, me faltava seiscentos e cinqüenta.

    Eu estranhei a colocação: faltavam-me e indaguei:

    __ Por que faltavam? O termo certo seria faltam seiscentos e cinqüenta pontos.

    __ Não! Eu me expressei corretamente. Faltavam seiscentos e cinqüenta, mas agora eu, como fizeram comigo no começo vou assumir parte do seu resgate, isto é permitido. Temos que sair todos juntos. Todos de uma só vez para que outro grupo seja composto aqui. Você era o único que faltava e nós fizemos muitas vigílias em seu sufrágio e Graças a Deus você finalmente atendeu aos apelos da sua consciência. Pelos nossos cálculos, dentro de pouco tempo estaremos resgatados.

    Surpreso perguntei:

    __Mas não é justo. Eu sou o último a chegar e saio com os que chegaram primeiro?

    __Álvaro, meu irmão, está escrito e foi dito pelo mestre, os primeiros podem ser os últimos e os últimos serão os primeiros.

    Todo aquilo era muito estranho para mim: todos unidos num só objetivo, ajudar, fraternizar, se doar, se harmonizar espontaneamente.  Estaria eu sonhando? Um daqueles sonhos longos, ininterruptos?Mas à medida que ia colocando as coisas nos devidos lugares notava que já estivera ali em sonhos, mas agora eu sentia que era real. Os amigos que ali estavam eram reais. Eu podia sentir o barro liguento tocando meus pés. Fazendo uma observação mais acurada vi que todos estavam descalços. O que parecia ser o líder, que soube chamar-se Adolfo me respondeu antes que eu perguntasse:

    Aqui não usamos sandálias ou sapatos porque este barro é fluídico. Tudo aqui é medicinal. Nós também necessitamos de medicamentos, só que não química ou fitoterápica, mas fluídico. Para nos purificarmos dos resíduos que trouxemos da esfera carnal.

    Os irmãos – como eles se tratavam – me acompanharam até o chalé onde eu ficaria. Era bonito, bem diferente daquilo que aparentava a distância. O curioso é que na entrada tinha um pequeno jardim muito bem cuidado com várias espécies de flores e folhagens ornamentais, sendo que de uma qualidade amarela esverdeada. Fora decorado com meu nome, pelo menos foi o nome pelo qual me chamaram: Álvaro. Na entrada uma pequena sala, um corredor, um compartimento para oração e meditação, um quarto e uma varanda circundada por uma enorme tela com um complicado aparelho embaixo. Cheio de estranhos botões. O líder explicava:

    __ aqui você pode ver várias dimensões e o que está sendo feito por várias equipes de socorro em benefício de encarnados e desencarnados, desorientados e desencarnados optantes por uma outra encarnação.

    __Mas eu posso ver esses trabalhos?

    __ Sim! Nada é oculto aqui. Tudo é feito às claras, pois um dia tudo será transformado. Não haverá um só que esteja privado do acesso a outros, franqueado.

    Eu tinha estado perto da fonte, tinha tomado da água fluidificada, tinha estado junto com aqueles que subiam para um plano superior. Como podia ter bebido daquela água e vindo para aquela parte baixa? O líder explicou:

    __Ao tomar daquela água preciosa, abriram seus olhos e você ganhou coragem para adentrar a cidade e preparou-o para reagir como reagiu após as palavras do senhor na parte alta da cidade. Você ainda continua confuso, mas isso passa e logo você compreenderá que todos perseguimos um mesmo objetivo: chegar a uma condição avantajada de entendimento para habitar a esfera maior e gozar das primícias da Luz Maior que é Deus e seu filho Jesus.

    Os primeiros ciclos de minha estada ali foram um tanto enfadonho, mas à medida que eu assistia através da tela o trabalho que estava sendo executado por uma infinidade de equipes, ia ganhando interesse pela causa e comecei até a cantar junto com os corais sensacionais que apareciam de vês em quando entoando cantos sublimes de apoio aos que trabalhavam e de louvores ao mestre maior, Jesus. Acabei por descobrir que meu trabalho ali era o de fazer uma terapia de recordação para me inteirar do que fui o porquê estava ali e o que deveria fazer numa próxima jornada.

    Passado certo tempo fui reconhecendo as pessoas que coabitavam aquele lugar comigo. Lembrei-me do Cláudio e quando o chamei pelo nome de guerra ele caiu em prantos:

    __Graças a Deus você está reagindo muito bem.

    Depois o Pedrinho, o Aristeu, O Hipólito, A Joana, a Zefa e por fim o que eu pensava ser o líder, o Pedro José. Sim! O Pedro José que havia trabalhado comigo lá na esfera de baixo. Saí como um bólido gritando:

    __Pedro! Seu safado! Eu me lembrei de você! Por isso tinha certeza de que já tinha ouvido a sua voz.

    __ Calma! Até parece que eu era político! (disse Pedro meio envergonhado com o sorriso dos demais)

    __ Político, você não era, mas uma das vozes mais bonitas que o Rádio já conheceu.

    __ Ora! Você esta me fazendo corar com toda essa bajulação.

    __ amigo Pedro, como você era oito mil e poucos pontos. É um número muito pequeno.

    __ Álvaro meu irmão, é cobrado muito mais daquilo que você deixou de fazer, do que você fez.

    __ Como assim?

    __ Se eu bebi e fiz arruaça, briguei, fui preso é muito menos mal do que lúcido, negar ajuda a semelhante necessitado.

    __ Então um governo que tem tudo nas mãos para resolver os problemas dos marginalizados pela sociedade vai ter que pagar muitos pontos!

    __ Exatamente! Quando se tem a chance de praticar ações justas e não a fazemos perdemos muito em conceito junto às entidades supremas.

    Pedro José tornou-se um grande companheiro a me fazer acostumar àquele tipo de existência. Aos poucos fui me acostumando, fui me abrindo um pouco mais e fiz muitas infiltrações pelas fendas que nos permitiam ir a lugares diferentes onde ficávamos observando do alto. Era curioso como a gente conseguia tudo ou quase tudo com a força da vontade. Se eu queria ver a cidade dos anjos, era só ligar a tela panorâmica e pronto! Lá estava a simpática e iluminada metrópole, onde se organizavam equipes para este ou aquele trabalho que era distribuído por um arcanjo. Foi numa dessas vezes que vi um anjo que me parecia muito familiar e eu contei o fato ao Pedro.

    __ Se você quiser falar com ele é só desejar com muita vontade e ele virá conversar com você.

    Foi assim que tive a oportunidade de receber aquele anjo, que soube chamar-se Thiago. Foi muito rápido o seu aparecimento após eu ter desejado e, no entanto fiquei sabendo que ele demorou um ano para atender o meu pedido, ou trezentos e sessenta e seis dias terrenos. Para mim foi coisa de alguns minutos. Thiago olhou-me com muita ternura e antes que eu perguntasse de onde eu lhe conhecia, informou:

    __ Eu fui teu anjo de guarda durante toda a sua existência terrena.

    __ Senhor, eu te dei muito trabalho?

    __ Não use o senhor antes do nome. Senhor é apenas usado para orarmos ou falarmos com entidades maiores: O Pai, O Filho e o Espírito Santo. Respondendo a sua pergunta eu diria que você era como os demais, sem tirar nem por. Mas eu gostava de você principalmente quando você estava feliz e cantava aquelas canções bonitas que você mesmo compunha.

    __ Amigo! Posso chamá-lo assim?

    __ À vontade! Eu me sinto até mais feliz.

    __ Pois então amigo você que esteve me assistindo durante tanto tempo conforme suas próprias palavras: o que aconteceu comigo? Como era minha família? Eu era casado? Tinha filhos? Era feliz? Rico? Pobre? Bonito ou feio?

    __ Calma! Calma, amigo! Todas essas indagações serão aclaradas no momento oportuno. Só posso garantir a você que muitos daqui e de lá te admiram porque você atendeu de pronto o chamado. Não ficou preso às lembranças e por isso as equipes não tiveram trabalho algum para trazê-lo no primeiro intervalo. Você não olhou para trás e aceitou tudo com uma decisão convicta que chegou a impressionar até o mentor da equipe já acostumado com tantos desencarnes.

    __ Por que eu não posso saber agora?

    __ Eu já disse. Tudo há seu tempo. Você vai aprender muito ainda e a cada estágio de sabedoria adquirida vai se aclarando dúvidas e curiosidades até chegar a um ponto quem que o passado, o presente e o futuro se misturarão e você compreenderá que se você foi, é porque é, e se é, é porque ainda será. É complicado explicar isso. Só o tempo e o estudo se incumbirão de responder as enormes interrogações que povoam seu ser.

    O anjo falou muito também sobre o perigo que o desespero pode provocar nos seres encarnados e desencarnados. Essa manifestação que está aliada à ansiedade nos inibe impedindo uma tomada de posição e impondo um fracasso iminente em todas as nossas ações. Eu notei que o desespero é uma conseqüência da incerteza do que virá depois e isso estava me preocupando muito, razão pela qual o anjo me fez esse alerta.

    O tempo de estada naquelas partes da cidade estava chegando ao fim e eu notei a alegria que todos estavam sentindo, muito embora ninguém soubesse o que faríamos na outra parte do aprendizado, ou seja, como seria a nossa estada na parte de cima de onde cintilavam raios de luz de uma mistura de cores que causavam fascínio entre todos nós. Finalmente Pedro José reuniu todos num grande pátio que mais se assemelhava com uma arena de rodeios e indicou um ponto no alto, que não era um céu normal, pois se confundiam sóis ou planetas, todos com o mesmo brilho. O que me intrigava era que diante de tantos, o que pareciam ser sóis não havia calor, mas uma temperatura agradável, eu diria 25 graus. Bem, o ponto indicado por Pedro José em dado momento se iluminou e uma voz acolhedora falou agradecendo a todos numa alocução pela estada naquela parte, mencionando pormenores do que havíamos conseguido de “bônus” no resgate de nossa dívida. Em seguida foram lidos os nomes dos que apareciam na faixa luminosa. Ao final da leitura sumiu o que parecia uma tela e como num passe de mágica já estávamos na parte de cima da cidade com milhares de sorrisos nos saudando na imensa praça central que circundava um prédio que se parecia muito com a Capitólio dos Estados Unidos. Ao fazer essa comparação senti uma alegria muito grande, pois já estava começando a me lembrar do meu passado. Seria eu um americano? Um sul americano? Um europeu? Asiático? Africano? Isso ainda era um mistério para mim. O senhor que havia há não sei quanto tempo me falado, me induzido a fazer uma escolha: a parte alta ou a parte baixa da cidade? Aproximou-se e disse:

    __ Muita gente, durante a sua estada terrena te apreciava muito e ainda hoje os que permanecem lá reverenciam tua memória e agora eu sei por que nós aqui também te apreciamos pela sua conduta. O modo como você aceitou todos os desafios impressiona e o torna modelo a ser imitado.

    Aquelas palavras ditas com tanta diplomacia me impressionou muito e eu somente disse uma frase:

    __Agradeço os elogios, mas continuo sem entender nada.

    Ele sorriu e disse:

    __ Tudo há seu tempo. Nada ficará escondido e eu quero ser um de seus admiradores.

    A cidade alta era acolhedora. Seus moradores não eram diferentes daqueles da parte baixa. Tudo era amor e compreensão. Não havias rusgas, não havia discussões, nem fisionomias carregadas. A única diferença entre anjos e aquelas pessoas eram as vestes. Os anjos trajavam vestes brancas e um diadema no centro da testa e nós veste azul claro fosforescente. As edificações eram todas iguais, umas com jardim na frente e outras com jardins nos fundos. Noutros lados era fantástica a urbanização. Agora a minha grande curiosidade era saber o que havia dentro do que eu passei a chamar de “Capitólio”, que mais tarde vim, a saber, que se chamava Transportador Sider Dimensional e que servia para transferir os seres daquela parte da cidade para não sei onde porque os que estavam ali não tinham conhecimento de nada sobre o assunto. Como o cidadão idoso me havia dito, a gente podia optar por casa, chalé ou chácara, eu optei por uma chácara. Eu gostei do aspecto acolhedor da casa, do pomar e da vertente que fazia correr uma água que de tão límpida, parecia azulada. Havia muitas frutas. Uma variedade delas, mas a espécie que eu mais apreciava era uma que se parecia muito com jambo, carnuda e amarelada.

    Eu pensava comigo mesmo como poderia eu ser tão apreciado, se estava ainda às tontas, sem saber nada do meu passado com respeito à família, relacionamento cultural etc.

    Na parte baixa, cada vez o desânimo dava lugar a um estado de promissora segurança, na quase certeza de que aguardava uma coisa muito interessante e de muita alegria. Às vezes eu via rostos familiares ao que parecia uma jovem senhora muito bonita, um casal de velhos simpáticos, mas pareciam tristes com os olhos rasos d’água, parecendo estarem sempre lacrimosos. Os vultos se sucediam, mas eu não me lembrava de alguma coisa que pudesse juntar àquelas pessoas e relacioná-las em minha vida terrena, pois eu tinha certeza que tivera, aliás, uma das poças coisas que eu tinha como certa, exceto o caso do Cláudio, do Pedro José e outros da parte de baixo que eu me lembrava de tê-las conhecido, porém sem saber ao certo qual o papel que tiveram na minha existência terrena.

    Notei quando eu estava num estado de letargia, uns seres vestindo aventais iguais aos daqueles que exercem profissões clínicas me faziam passes localizados. Após uma temporada significativa fui começando a entender as coisas mais elevadas, como o que seria a verdadeira eternidade. Eu já tinha em mente uma verdade: era preciso um dispêndio muito grande de boa vontade para se chegar ao ponto em que o clímax da promessa do Criador a seus amigos do velho testamento. Poderia ser observado a olho nu e daí a visão espetacular do Paraíso nos alertava até chegarmos a ponto da quase perfeição e podermos alçar vôo até o manancial da Luz Maior e da Água da Vida onde limites e espaço eram palavras obsoletas. Sempre nos reuníamos na espaçosa área que eu apelidei de arena para trocarmos experiências, para avaliarmos nossos desempenhos, para sanar dúvidas e nos momentos oportunos falar sobre coisas que vieram a nossa lembrança. Numa dessas reuniões notei que o ancião que disse querer ser um de meus admiradores não estava lá com seu costumeiro sorriso e perguntei o porquê da sua ausência. Explicaram-me que ele, que soube chamar-se Wenceslau tinha recebido permissão para adentrar ao “Capitólio” e fora transferido para o lado misterioso que todos nós estávamos nos preparando para enfrentar. Um ligeiro calafrio parece me percorreu o corpo quando num descuido duvidei e pensei que ali dentro seria o ponto final de todos nós. Foi nesse momento que algo falou dentro de mim: “não temas o desconhecido. Deus jamais desampara os seus filhos. Tudo faz parte do projeto. Nada se perde tudo se transforma. A purificação do espírito exige sabedoria e paciência em alto relevo”.

    Nesse encontro fiquei sabendo que dois dos habitantes dali de nomes Rafael e Jhony, com a desculpa de que iam entrar na fenda horizontal para espairecer observando outros canais, entraram na fenda vertical e voltaram para o espaço livre onde não existe disciplina de regeneração e pela primeira vez ali se abriu uma oportunidade para a criação de uma equipe de voluntários para tentar resgatar os “fujões”. O prêmio no caso de sucesso na missão era de vários graus na escala ascendente que eu concluí que seria uma melhora na posição do aprendizado. Ofereci-me e d pronto o pré-mentor que nos incentivava através de palestras falou sorrindo para mim:

    __ Analisando o seu currículo tinha certeza que você se prontificaria para ser um dos missionários que enfrentará o desafio. Nós todos vamos ficar orando ou rezando, como queiram, por vocês para que com a ajuda de Jesus consigam êxito na espinhosa missão.

    Meus companheiros Pedro José, Cláudio e Zefa, quatro que deveriam entrar na fenda vertical e procurar encontrar os desertores.

    A fenda nos conduziu até o espaço livre. Logo no início comecei a compreender porque se chamava espaço livre. Ali era o que se poderia chamar de antro de libertinagem: espíritos que tomavam a forma humana, outros com características quase humanas, como os “ets”, outros com forma de bichos. Parecia mais um baile à fantasia. Notei que ali não havia edificações, era tudo feito num descampado a perder de vista. Via-se gente conversando, gente dançando, gente embriagada, gente dormindo como que abandonadas à própria sorte. No meio de tantos, milhares ou milhões como encontrar dois, aqueles que eram o objetivo de nossa estada ali? Foi nesse ínterim de pensamentos que algo dentro de mim falou: “a missão não se resume apenas na procura dos dois, mas de ajudar os que estiverem dispostos a subir um pouco mais e enfrentar os desafios do aprendizado”.

    Alguns, no meio daquela euforia dominante, que mais se assemelhava a um bacanal, estavam tristes, então me dirigi a um destes e perguntei:

    __O que acontece amigo! Você não está participando? Está cansado?

    __ Não sou dado a bagunças, não sei por que vim para este lugar.

    __ Se você quiser posso mostrar o caminho que o levara a uma parte diferente, onde se aprende muito, onde se aperfeiçoa para enfrentar os estágios mais avançados.

    __ Eu quero amigo! Permita-me que me apresente, meu nome é Reinaldo, mas pode me chamar de Rei.

    __ Tudo bem Rei. Eu acho que me chamo Álvoro.

    __ Porque acha?

    __ É que ainda não me lembro do meu passado e... Mas é uma história comprida. Vamos ao que interessa você disse que queria enfrentar o aprendizado, então não percamos tempo.

    Dirigimo-nos até o ponto onde se localizava a fenda e Rei fez uma observação:

    __ Isto fica assim, escancarada, sem nenhum impedimento? E se o pessoal daqui resolver subir, não vai causar transtorno?

    Fiquei meio embaraçado com a pergunta, mas logo veio a resposta que brotou dentro de mim, como se eu tivesse um computador ligado as minhas cordas vocais:

    __Não existe empecilho algum para se entrar na fenda. Todos os que se dispuserem a subir para um estagio de crescimento, são livres para fazê-lo.

    __ Graças a Deus que eu encontrei você. Acho que vim para este lugar por engano.

    __ Bom Rei, entre que alguém já esta a sua espera.

    __ Mas como você sabe que estão a minha espera, se você não se comunicou?

    __ Rei eu também não sei como, só sei que tudo isso que esta acontecendo aqui, esta sendo observado e o pessoal de onde eu vim já sabe que você vai chegar.

    Após a entrada de Rei pela fenda, voltei para prosseguir no trabalho para o qual viemos. No trajeto de volta encontrei Pedro José que conduzia dois seres para a fenda e mais atrás Zefa com mais dois. Tanto Pedro como Zefa deixavam transparecer uma felicidade que ultrapassava a alegria de quem tivesse acertado uma loteria de milhões em dinheiro. Zefa ao passar por mim argumentou:

    __ Álvaro meu irmão, estamos conseguindo fazer alguns subir no conceito geral, isto é uma graça!Isto é uma Graça!

    E repetia varias vezes “Isto é uma Graça!” Eu me aprofundei mais naquele espaço barulhento e às vezes hostil e notei que havia coisas muito interessantes também. Mulheres lindas, provocantes e sensuais se aproximavam e falavam coisas maravilhosas numa voz melodiosa. Uma delas achegou se a mim e disse:

    __ Você é novo aqui, Não?

    Eu respondi afirmativamente e ela continuou:

    __Venha!Vou mostrar-te os recantos mais acolhedores, mais românticos e mais afrodisíacos. Não tenha medo. Eu sei que todos os novatos não têm vocação sexual, mas a gente passa pela “Sexodomia” e todo o apetite sexual que você tinha voltará em dobro e daí é só pensar no prazer.

    Eu me senti como um adolescente diante da primeira mulher, quando da a primeira experiência sexual. Ela era muito linda. Era uma obra prima. Ela pegou minha mão entre as suas e me olhava com um brilho tão intenso nos olhos, que eu comecei a sentir calafrios. Quando ensaiei os primeiros passos para acompanhá-la escutei dentro de mim uma mensagem bíblica: “Diante de ti ponho o dia e a noite, o medo e a valentia, a dor e o sorriso, a prece e a maldição, o amor e o ódio, o bem e o mal, a vida e a morte. Você escolhe. Nada é proibido, tudo é permitido, porém nem tudo nos convém. Você tem livre arbítrio para escolher. Eu quero a todos na espontaneidade, não na imposição”. Relutei! Parei e delicadamente retirei minha mão dentre as dela e disse:

    __ Talvez mais pra frente, agora não.

    Ela sorriu:

    __Por que não? Eu sei que você virá. O gozo não é pecado.

    Pedro José vinha correndo e gritando meu nome:

    __Álvaro! Álvaro!

    Eu parei, voltei-me e o vi com a fisionomia carregada de preocupação, enquanto a beldade se distanciava remexendo acintosamente os quadris.

    Pedro colocou as mãos nos meus ombros e disse carinhosamente:

    __Meu querido irmão, eu senti uma vibração negativa e logo me veio à tona seu nome. Eu corri para tentar socorrê-lo.

    __ O que há demais em receber uma cantada de uma criatura tão envolvente? (disse com ironia)

    __ Álvaro, por trás dessa adorável carcaça está o mal, está a treva. Não se deixe seduzir.

    __ O que você sabe sobre isso? Por acaso já foi seduzido?

    __ Meu irmão eu já devia estar além do “Capitólio”, como você o batizou, muito antes do Wenceslau. Eu já estava à espera apenas do preenchimento de uma pequena lacuna existente em minha ficha. Vim para este lugar realizar um acompanhamento e me deixei influenciar pela beleza e pelo êxtase e voltei para as partes baixas. A descida é muito dolorosa companheiro. A gente sente vergonha de quem sente pena da gente. É uma coisa mais ou menos assim.

    __ Ninguém conseguiu levar uma dessas mulheres para a parte de cima?

    __ Sim! A Joana era uma dessas mulheres que com a ajuda do Wenceslau conseguiu vencer o desejo da senda da Liberdade. Foi para a parte baixa do ciclo posterior, resgatou toda a sua dívida e está apta a passar para outro estágio.

    Pedro falava com orgulho dessa passagem que até me fez perguntar:

    __ Você fala dela com muita ênfase, como se fosse uma conquista sua também.

    __ De fato na nossa vida terrena ela era minha irmã.

    Essa declaração feita com voz embargada pela emoção me deixou muito comovido que declarei:

    __ Estou muito feliz por você, Pedro e pela sua irmã.

    Voltamos a nos preocupar com nossa missão. Zefa já se encontrava em nossa companhia quando novamente a mulher bonita se aproximou e disse:

    __ Você não é de se jogar fora. Com um pouco de boa vontade nós poderemos fazer de você uma linda mulher. Pra que pensar em estudo, em aperfeiçoamento?

    Zefa limitou-se a olhá-la com profundo desapontamento sacudindo a cabeça num muxoxo, que parecia um diálogo de olhares:

    __Você é que deveria livrar-se dessa fantasia que fascina os homens. Ser o que você realmente é. Voltar a se encontrar com seu passado, analisar criteriosamente e vir com a gente. Começar a se livrar dos seus tormentos.

    A mulher ficou séria e agressiva respondeu:

    __ o que você sabe sobre mim, sua bruxa?

    __ tudo! As fases porque passamos nos deram sabedoria para ver além das aparências e o que vejo em você é digno de pena.

    A mulher esbravejou e saiu resmungando em direção a um aglomerado de seres que davam entrada ao local, vindos não sei de onde. Eu, pela primeira vez senti um suave fascínio pela minha companheira Zefa e não contendo a curiosidade disse:

    __Zefa, você se saiu muito bem. Jamais pensei que você tivesse essa capacidade, esse conhecimento.

    __ Todos nós que passamos por aquela fase de aprendizado temos esses méritos de desmistificar os laços do mal. Você não viu nela o que eu vi porque se deixou levar pelo fascínio da primeira vista.

    Essa argumentação me balançou, principalmente pelo olhar que Zefa me lançou quando se referiu a mim, que eu resolvi dar por terminada a conversa.

    A procura pelos dois continuava na imensidão descampada onde dificilmente se via uma edificação e os existentes eram sempre ocupados pela euforia dominante daquele lugar. Muito som, gritaria, cantoria, lutas assistidas por platéias ululantes. Foi numa dessas que encontramos Rafael e Jhony gritando como possessos, torcendo por um dos lutadores. Pedro se aproximou e delicadamente falou com Rafael:

    __ Amigo, nós viemos atrás de vocês. Queremos que voltem para nossa local de aprendizagem.

    Rafael portou-se como se não conhecesse a Pedro e novamente se juntou ao companheiro Jhony que nem parecia nos conhecer. Pacientemente Pedro dirigiu-se novamente até Rafael e mudou de tática:

    __ Essas lutas são ótimas, não? A gente pode apostar em um dos contendores?

    Rafael interessou-se pela pergunta e prontamente respondeu:

    __ Claro! Eu estou apostando no Polaco, com cabelo parecendo escova. Ele tem um tremendo dum soco, que se pegar no queixo, um abraço! É nocaute na certa.

    Pedro o observava deixando transparecer uma profunda decepção. Rafael, o rapaz atencioso e prestativo, naquele estado, apostando em lutas de rua!

    Quando Pedro se preparava para sair dando por encerrado o papo, Rafael encarou-o e disse:

    __ Você veio até aqui só para nos resgatas, ou pelo menos tentar?

    __ |Sim, amigo. Vocês são muito valiosos para todos nós, principalmente para mim que conheço a sua história.

    __ Pedro, você pagou caro na vez que esteve aqui.

    __ Eu sei! Mas era preciso. Eram dois amigos que estavam e estão precisando de ajuda. Eu tinha que correr esse risco junto com mais três companheiros.

    __ Pedro, meu amigo agora estou vendo que vocês são mais que amigos são irmãos. Só Jesus se doou por todos e vocês se doam por dois!

    Dito isto Rafael foi até onde estava Jhony e começou a gesticular mostrando-nos. Devido à distância não dava para entender o que diziam. Notava-se que a conversa não agradava muito a Jhony que só depois de muito papo acabou concordando, ao que parecia, pois os dois se dirigiram até onde estávamos e Jhony disse:

    __ Vamos logo então, antes que eu me arrependa.

    Respiramos aliviados, pois nossa missão estava quase terminando. Na volta para a colônia fiquei pensativo e Pedro me inquiriu.

    __ Amigo Álvaro, por que está tão calado? Taciturno?

    __ Uma coisa eu não compreendo, Pedro. Quando cheguei na parte baixa me disseram que seu nome era Adolfo, depois eu me lembrei de você e lhe chamei pelo nome. Levando em consideração essa falha, também eu posso não ser Álvaro, mas outro nome qualquer.

    __ Meu irmão, como o nome aqui não é importante, alguém me chamou de Adolfo. Eu goste do nome e passei a ser Adolfo. Você chegou a se lembrar e chama-me pelo meu verdadeiro nome. Eu achei que você se parecia com um determinado Álvaro e o chamei assim, até que você se recorde de seu verdadeiro nome.

    Em dado momento ao ver tanta gente parecendo abandonada à própria sorte, ao sentir um grande constrangimento, me veio à tona um nome “Beto”. Talvez de Roberto, Alberto ou talvez Felisberto.

    Beto ou Álvaro, não importa. Você vai se lembrar. Tenho certeza! Daí vai dar razão a todos que o admiram.

    Aquelas palavras do Pedro me deixaram muito impressionado. Que tinha feito, eu? Será que fui político? Jogador de futebol? Basquete? Vôlei? Ou talvez um sacerdote, um pastor. Quem fora eu? Meu Deus! Por que não me lembrava? Seria isso meu maior castigo? Ou sei lá. Sacrifício? De vez em quando eu via passar num relance cenas esquisitas, como microfones, gente me olhando, caminhões cheios de (ao que parecia) alimentos, famílias mal trajadas, crianças magrinhas e a palavra em letras garrafais CIDADANIA, mas não havia seqüência. De um momento para outro tudo se desvanecia.

    Chegamos à colônia e uma pequena multidão nos aguardava. Após os costumeiros sorrisos e abraços próprios de reencontros, todos nós estávamos em estado de oração. Agradecemos ao Todo Poderoso pelo sucesso da missão e pelo retorno. Depois alguém falou: Consultem a consciência e tirem as conclusões mais justas. Ou ficam aqui ou vão para a parte de baixo. Um profundo silêncio pairou sobre todos e vi Rafael e Jhony se encaminharem para o beco que conduzia a parte baixa. Pedro também caminhou na mesma direção. Não sei explicar por que “cargas d’água” eu também fiz o mesmo. Trilhei o mesmo caminho e quando chegamos fomos recebidos com a mesma ternura da primeira vez, só que por outros. Depois de nos alojarmos eu não contive a vontade de uma explicação por parte de Pedro.

    __ afinal, o que viemos fazer aqui?

    __ Álvaro, você podia ter ficado, mas não ficou!

    __ Por que veio?

    __ Talvez pelo mesmo motivo que você. Afinal nós estamos no mesmo barco perseguindo as mesmas conquistas, chegar a um denominador comum que possa nos indicar um caminho seguro a seguir.

    Rafael, Jhony, Pedro e eu resolvemos ficar juntos em uma casa grande das muitas existentes e que justamente servia para abrigar várias pessoas que não queriam ficar sós. Nós nos dávamos muito bem. Conversávamos a respeito de coisas passadas que vinham aflorando em nosso pensamento. Pedro falou do seu trabalho em uma grande emissora e de como me conheceu e de quando trabalhamos juntos, só que eu não sabia ao certo se era subordinado de Pedro ou se era seu superior. Quando essa pergunta foi feita Pedro mudou de assunto. Durante nossa segunda estada na parte baixa tivemos duas incursões, uma até onde se encontrava Wenceslau, o ancião que falara comigo pela primeira vez na parte alta da cidade, outra a uma colônia diferente onde todos se ocupavam em estudar métodos de aperfeiçoamento para depois de formados saírem em equipes que tinham como objetivo aliviar sofrimentos daqueles que não haviam conseguido se libertar das coisas que deixaram na vida carnal. Como eles classificavam, para nosso esclarecimento de terapia para cortar o cordão umbilical de todos os que ainda continuavam ligados à família, amigos e negócios. Achei esse trabalho muito interessante e os preletores explicaram que logo que eu cumprisse meus compromissos onde me encontrava eu poderia optar por aquele estudo. Mas o meu interesse era o de lutar para conseguir transferir-me até onde se encontrava Wenceslau por considerá-lo um ser diferente e ao mesmo tempo muito unido a mim em algum lugar do passado. Nas minhas conversas com ele fiquei sabendo de coisas que me pareceram familiares como os modos de sua mãe, uma italiana de pulso firme nas suas decisões. Eu ri muito quando ele disse que ela, quando nervosa, usava muito estas duas frases: “porca pipa” e “porcojuda”. Wenceslau em dado momento ficou sério e pensativo quando eu disse que ainda não tinha me lembrado do meu passado e falou:

    __ Eu vou te ajudar! Por méritos já conseguidos, posso solicitar recursos para acompanhá-lo no seu desenvolvimento e ver onde está o entrave que impede você de recordar.

    Dito isto se ausentou por algum tempo para depois retornar com um sorriso nos lábios ao anunciar:

    __ Consegui autorização!

    A vida na parte baixa ficou mais alegre e convidativa com a presença de Wenceslau, pelo menos para mim que via nele uma esperança para a solução de meus problemas, principalmente o de recordar o meu passado. Ele se ocupava em me fazer passes e orações. Por diversas vezes quando estava recostado, imerso em um estado parecido a um sono profundo. Ao despertar via-o falando frases que eu não podia distinguir bem. Ele, quando isso acontecia, sempre num sorriso maternal me dizia:

    __ Estamos progredindo com bastante rapidez.

    Um dia (não sei quanto tempo depois) senti como se um peso saísse de minha cabeça e duas escamas caíssem dos meus olhos. Olhei para Wenceslau e não pude conter um grito.

    __ Papai! O senhor é Wenceslau! Por que a troca de nome?

    Ele deu um pulo e aproximou-se de mim me abraçando.

    __ Filho, Graças a Deus você venceu a amnésia espiritual e está preparado para saber tudo sobre você mesmo e o que poderá fazer em prol dos que sofrem.

    __ Pai, você se chama Danilo. Seu Danilo da farmácia. Por que Wenceslau?

    __ É simples. Agora você vai compreender. O nome pelo qual fomos batizados é o nome carnal. O espírito já possuía um nome original. Você, por exemplo, chamava-se Roberto, Dr. Roberto ou Betinho para os mais íntimos, mas o seu espírito, ou seja, você no estado natural, chama-se Álvaro. O Pedro como nós o conhecemos, na realidade chama-se Adolfo. Ele foi sepultado com seu corpo muito embora quem está encarnado e o conhecia reverencia sua memória como sendo o famoso Pedro Jose, locutor.

    Eu passei a recordar de tudo. Sabia que era casado com a Maria de Lourdes, arquiteta e tinha dois filhos: Catarina e Cristóvão, que fui engenheiro responsável pela construção de várias pontes, que se tornaram famosas, e que me especializara em pontes, por gostar de unir pontos, unir margens, unir povos, por isso me ocupei muito na vida em fazer prevalecer a verdadeira cidadania conforme o meu lema. "Não existe cidadania onde ingressa a fome e toda a injustiça social”. Fui recordando tudo até que num ponto eu passei e deixei transparecer a minha decepção. Seu Danilo Aproximou-se de mim e disse:

    __ Calma! Esse é o ponto mais crucial das recordações, saber de que morremos e como morremos.

    Eu não queria me lembrar daquela parte, mas animado por papai, Pedro e os outros fui rememorando e vi quem havia posto a carga de dinamite na pilastra cabeceira da ponte: vi quando ele acendeu o estopim e se safou utilizando-se da capoeira existente nas imediações, me vi ao lado do Dr. Lucio que era o meu companheiro Cláudio e dois ou três garis que varriam as extremidades da ponte semiconstruída. Vi a explosão e as várias toneladas de massa inerte que se precipitava para as águas do rio juntamente conosco. Vi a ânsia que tomou conta de mim, pois caí ainda com vida nas águas revoltas do rio, a tentativa frustrada de socorrer o Lúcio, salvamento dos garis e por fim a minha morte por afogamento. Após recordar essa passagem, notei que todos me olhavam com desusado interesse, procurando adivinhar a minha reação. Uma coisa não me vinha à lembrança: Há quanto tempo aconteceu o meu desenlace? Rafael e Jhony chegaram-se até mim e começaram a chorar abraçados a mim e Rafael disse:

    __ Nós éramos os garis que você socorreu da água. Porém os ferimentos causados pela explosão eram muito graves e nós não resistimos e morremos a caminho do hospital.

    Meu pai contristado por ver o meu sofrimento disse:

    __ Já se passaram vinte anos terrestres desses acontecimentos.

    __ Vinte anos! Então minha esposa já é cinquentona? Meus filhos já se casaram? Ou talvez...

    __ Não! Eles ainda estão vivos, inclusive sua esposa prossegue a sua luta em prol dos necessitados. Não se casou novamente e criou um lar do menor carente que tem o seu nome na intimidade “Lar do Betinho”.

    Após ter me lembrado de tudo foi fácil o meu aprendizado, voltamos para a cidade alta, dediquei-me aos estudos e voltei várias vezes à esfera vertical participando de missões de catequização para aqueles que se dispunham a evoluir enfrentando o aprendizado.

    Um dia meu pai me disse:

    __ Você gostaria de conhecer por dentro o que você chama de Capitólio?

    __ Claro! Quem não gostaria?

    __ Pois consegui autorização para partir e levá-lo junto para onde eu estava.

    __ Mas, e os outros?

    Pedro ou Adolfo, Cláudio, Joana e Zefa já foram hoje. Não se despediram porque eu os informei que você ia comigo.

    Quando entramos na grande sala ovalada notei que nada existia de estranho na grande sala ovalada. Notei que nada existia de estranho como eu imaginava: Uma sala cheia de complicadíssimos instrumentos. Nada, além disso. Ali dentro algumas pessoas ajoelhadas parecendo em profunda meditação. Todas elas com uns mantos azuis celeste, impecáveis. Muito limpo, um cinturão que emanava luz com o brilho mais forte que raio lazer. Para ser transportado para a outra esfera era preciso se ajoelhar, entrar em oração e esperar uma luz fosforescente que surgia do alto inundando todo o ambiente. E como num passe de mágica, num piscar de olhos (pelo menos pelos meus cálculos) estávamos na esfera superior. Quando chegamos fomos recebidos pelos companheiros que estavam conosco na cidade anterior e por alguns que não se pareciam com a gente, pois a simples aproximação deles nos causava uma sensação de calma e tranqüilidade. A cidade era bem diferente. Havia gente andando, gente voando. As casas eram de uma cor linda que parecia uma mistura de lilás com verde ou azul com amarelo. Bem, é o que conclui pela maravilhosa visão. Meu pai ou seu Wenceslau conforme o chamavam já tinha estado ali, mas eu que chegava a pouco fui requisitado para uma entrevista com o que parecia ser um Preletor. Era uma entidade carismática e de cativante benevolência que após me deixar à vontade me disse:

    __ Você já viu como aconteceu o seu desencarne juntamente com os companheiros que vieram contigo. Como era você o pivô do caso do acidente, como foi classificado naquela época, mas na realidade foi um atentado que tinha um objetivo: acabar com a sua vida, o que foi conseguido. É você quem vai decidir:

    __Meu senhor, decidir o quê?

    __ A pessoa que colocou os explosivos também já está livre do invólucro carnal e sofre os tormentos não impostos por entidades superiores, mas ditados pela sua própria consciência. A tua palavra vai decidir o destino dele. Se você o ignorar ele ficará talvez alguns séculos nesse estado e depois iniciará a sua recuperação, se você o amaldiçoar ele permanecerá para sempre naquela baixa dimensão, se você perdoá-lo e quiser apressar o seu restabelecimento tem o livre arbítrio de ir até ele e começar o trabalho de ensinamento. Pense e reflita. A sua decisão é respeitada por todos nós e por Deus.

    Fiquei pensativo e me pus a analisar os prós e os contras. Ele me havia truncado um projeto de vida, pois na época eu tinha apenas 38 anos de idade, era feliz com minha família, muito benquisto na sociedade, desenvolvia um trabalho de apaziguamento social reforçando a tese de que todos têm direito a vida com alimentação, moradia, saúde e educação. Tudo isso ele estupidamente havia colocado um ponto final, porém, e se ele não estivesse sabendo o que fazia? Se não tivesse avaliado o prejuízo existencial que aquele gesto causaria a várias pessoas? Logo me veio à mente uma frase dita por um soberano que se fez humilde “Pai perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” e ainda em suplício na cruz “Em verdade vos digo: hoje mesmo estarás comigo no paraíso”. Seria eu melhor ou mais importante que o Mestre? Era uma decisão que eu tinha de tomar. Conclui que se queria atingir um ponto que vislumbrasse a Luz desse Mestre, tinha que ser seu discípulo tinha que me deixar embriagar pelo amor, iniciando pelo perdão. Virei o olhar para o carismático senhor e disse resolutamente:

    __ Eu vou até ele levar meu amor para tirá-lo dessa situação aflitiva.

    O senhor sorriu e disse:

    __ Eu sabia que meu amor por você só tinha que aumentar.

    E finalizou:

    __ Sábia decisão. Sábia decisão!

    Saí da sala de entrevista e encontrei meu pai numa praça que existia defronte a edificação que desempenhara o papel do que poderíamos chamar de “Duana”, ou seja, onde se fazia a triagem dos que chegavam.

    Seu Danilo ou Wenceslau estava sentado e quando me viu levantou-se com um largo sorriso.

    __ Você aceitou o desafio? Ou deixou tudo como está?

    Eu respondi já adivinhando a reação que suscitaria no patriarca:

    __ Sim! Eu vou descer ao fundo do poço para lutar, retirar apenas um balde que lá se encontra, mas é um balde que faz parte de minha vida. Faz parte do meu aprendizado.

    __eu sabia, Álvaro ou carinhosamente meu Betinho que a sua resposta não seria outra a não ser essa que conscienciosamente você deu.

    E acrescentou:

    __ infelizmente eu não posso acompanhá-lo, pois essa é uma missão sua particular que vai credenciá-lo a progredir muito mais ainda na escala ascendente.

    __ Eu já imaginava isso, meu pai e estou preparado e por amor a Jesus eu vou vencer esse desafio.

    Não houve muitos preparativos, nem pompas na minha partida. A animação que me dominou na saída foi as milhares de mãos acenando e as luzes emanadas delas num espetáculo que eu queria ter palavras para descrevê-lo. A volta foi como imaginei, rápida e esquisita a cada estágio descendente eu ia me sentindo menor, insignificante. Era como se eu estivesse em um vagão do metrô. A cada estação eu via multidões que me olhavam ignorando-me até que cheguei ao antepenúltimo estágio. A escuridão era uma constante. Os que ali se encontravam parece que andavam as cegas, apalpando, tateando. O curioso é que existiam muitas entradas e saídas, umas para cima, outras para baixo, o que dava a impressão que se a pessoa ali estava quisesse subir, não existia empecilhos, do mesmo modo se quisesse descer também ali estavam as portas escancaradas. Mais tarde fui saber que a maioria não via as saídas porque para vê-las era preciso se lembrar de Deus, era preciso reavivar a sua fé e com muita força de vontade, pedir por socorro. Então ele poderia encontrar a saída (claro, nesses casos) para cima. A procura continuou. Eu sabia agora quem era o responsável pela explosão da ponte, nada mais, nada menos que o encarregado das obras de nome Sandro que eu tinha despedido por haver na época cometido várias faltas graves, uma delas que resultou na sua demissão foi a de substituir material de segurança por material de qualidade inferior, de resistência duvidosa. A mágoa originou a vingança que resultou na morte de quatro pessoas, incluindo eu. Mas isso era coisa do passado. A minha missão era encontrá-lo e através do perdão induzi-lo a se arrepender e pedir com muita fé o socorro de Deus para sair dali e iniciar a longa caminhada em direção a Luz. O espetáculo que meus olhos presenciavam era de estarrecer: Seres se contorcendo, outros com as mãos envolvendo a cabeça como se estivessem tentando recordar alguma coisa. Era deprimente e na realidade ninguém, nenhuma força superior havia imposto aqueles sofrimentos. Tudo era fruto do que se conseguia armazenar na vida terrena. Andei, volitei durante muito tempo até que em uma parte bem afastada daquele lugar, sempre envolto em crepúsculo eu senti uma luz forte que dominava a área que equivalia a cem metros quadrados. Ali estavam dois seres, emanando aquela luz. A o ver-me eles me saudaram e um deles medisse:

    __ Já tínhamos conhecimento de que você viria e estávamos a sua espera.

    Após conversar com eles, soube tratar-se de dois que eram de um plano superior que se encontravam ali em uma missão de apoio aqueles que estavam dispostos a refazer a caminhada. Marcio e Lázaro conforme se apresentaram me acompanhavam a todos os antros onde podia se encontrar Sandro, por fim o encontramos encolhido em um canto, imóvel como se estivesse paralisado. Os seus olhos estavam fixos no nada e sua fisionomia era de profundo desespero que eu senti pena ao invés de revolta, que eu imaginava seria a minha reação inicial. Aproximei-me dele e chamei pelo seu nome terrestre:

    __ Sandro, sou eu o Betinho.|Você me ouve?

    Ele vagarosamente virou a cabeça olhou-me com olhar suplicante e disse:

    __ Betinho, você veio para me amaldiçoar e por fim a esse martírio?

    __ Não, meu amigo. Nós nos dávamos tão bem que um gesto impensado seu não vai emperrar a admiração que sempre senti por você.

    Ele lacrimoso prosseguiu:

    __ Você teria coragem de me perdoar da minha maldade e da minha fraqueza?

    __ Claro! O que mais interessa agora é prepará-lo para enfrentar um aprendizado que vai qualificá-lo para outras esferas onde só a amizade, o amor e a compreensão habitam o nosso interior.

    Ele chorou copiosamente e eu fiquei contristado, pois nunca tinha presenciado no Pós-morte terrena, uma cena como aquela. Os dois que me acompanhavam Marcio e Lázaro deixou transparecer a sua tristeza, mas informaram que aquela manifestação de choro era uma desobstrução das feridas negativas da sua atuação terrena.

    Sandro necessitava apenas do meu perdão para se redimir das faltas e se adaptar ao aprendizado inicial que era como um tratamento hospitalar pelo qual eu não havia passado talvez por algum mérito especial. Ele pediu com entusiasmo dos que desejam ardentemente se livrar das algemas do mal e foi atendido. Colaborou na recuperação de sua saúde espiritual e eu o acompanhei em todo esse possesso até levá-lo a cidade colônia onde eu já estivera em sua parte baixa por duas vezes. Era sempre uma festa quando se chegava a cidade. Muitos do meu tempo ainda lá se encontravam e estavam esperando para dar as boas vindas.

    Sandro após ouvir as mesmas palavras que eu ouvira de Wenceslau, ficou alguns momentos em profunda meditação e depois apertou a minha mão e disse resoluto:

    __ Eu vou para a parte baixa.

    Eu assenti com a cabeça e tomei a mesma direção que ele. Chegamos e da mesma forma estavam nos esperando numa apoteose de sorrisos e manifestação de carinho. Sandro tinha milhares de pontos a resgatar, mas como ali era praxe a matemática da igualdade, passado algum tempo estávamos já se preparando para subir até a arte alta. Ele se mostrava muito obediente e até temeroso quando lhe mostrei a fenda vertical, ele olhou de longe e comentou:

    __ Betinho, meu amigo e irmão eu tive a felicidade de ser perdoado por você que, além disso, ainda se interessou pela minha recuperação, pode estar certo que eu nunca mais quero descer. O meu objetivo é subir, não por orgulho, mas para ser como você, capaz de ajudar, de perdoar, de conduzir e de esquecer as faltas.

    __ Ora Sandro, quem salva é Jesus, é Deus, eu sou apenas um aprendiz que quer ser instrumento de seres superiores para levar esperança e coragem para os que estão dispostos a trilhar os mesmos caminhos pelos quais passei.

    Voltei para a esfera onde se encontrava meu pai, ou Wenceslau e quando lá cheguei além da festa habitual de recepção recebi uma notícia que me deixou curiós: Meu pai disse num sorriso aberto:

    __ Eu tenho uma novidade que vai lhe deixar muito feliz. Talvez mais feliz do que você imagina.

    __ O que seria? Eu ganhei um passaporte para o último estágio?

    __ Não tanto. Mas o que gostaria de ver ardentemente?

    __ Ora seu Wenceslau, meu estimado pai, é claro que gostaria de saber sobre minha mãe. Como ela está e em que condição está?

    __ Pois é ela que te espera naquela sala onde o preletor o recebeu quando aqui chegaste.

    Eu fiquei atônito com a notícia e pela primeira vez tive uma sensação de tremedeira. Minha mãe que eu me lembrava alguns dias do meu desencarne esteve em casa e me fez uma macarronada a Italiana estava ali e em sala especial. O que será que tinha acontecido?

    Com passos rápidos fui até a porta, permaneci por algum tempo inerte sem saber o que fazer. Daí ouvi uma voz suave como a conhecida voz de antigamente.

    __Betinho, meu filho entre!

    Eu sem conseguir conter a agitação que tomou conta de mim entrei vagarosamente e vi o mesmo rosto querido, o mesmo sorriso acolhedor, os mesmos braços abertos que tantas vezes me enlaçaram numa afetuosa demonstração de carinho e eu esqueci de tudo, de todos os problemas enfrentados e senti que voltei a ser criança.

    Eu falei da alegria daquele momento, das recordações, fiz dezenas de perguntas, sem ao menos esperar respostas até que ela sorrindo disse:

    __ Calma! Uma coisa de cada vez. A sua grande pergunta é como vim parar aqui e quando vim?

    Logo depois que você passou para o lado de cá, eu fui acometida de um mal súbito e devido ao desgaste natural do coração, já combalido pelos anos fui para a UTI e fiquei em coma profundo durante três semanas, depois houve o desenlace. Fui agraciada pela vivência que tive, pela educação que dei a vocês, filhos e pelo bem que procurei fazer aos necessitados, já passando para uma esfera maior.

    __ A senhora viu a minha aflição? A minha angústia quando não me lembrava de nada?

    __ Vi sim e tinha certeza que somente o seu pai seria suficiente para ajudá-lo a compreender tudo e culminar com esse gesto maravilhosa de perdoar o Sandro e o acompanhar no seu desenvolvimento. Estou muito feliz por você, meu filho.

    __ Mãe um dia não poderemos nos reunir e formar aquela harmoniosa família que tínhamos?

    __ o tempo dirá meu filho. O Deus e Senhor que sempre foi o centro e o objetivo de nossas ações na Terra quer para seus filhos a felicidade plena, completa. E se isso for realmente a Vontade Dele e for o melhor para nós, tenha certeza querido, Ele o fará, Ele o fará!

    Fiquei sabendo por minha mãe que se chamava na Terra dona Tereza e espiritualmente, Zafira que meu irmão Charles e minha irmã Karem ainda se encontravam encarnados e que estavam respeitando os ensinamentos do “berço” numa vida serviçal e filantrópica, não dando motivos para preocupações.

    Ao despedir-me de minha mãe senti que a eternidade não é como eu pensava e como a maioria pensa, um “deitado eternamente em berço esplendido”. Eternidade é movimento, é fazer parte do universo que sempre está em operação simétrica, em equilíbrio constante, em evolução permanente e eu espírito e você terráqueo ou outros tipos de vida superior ou inferior fazemos parte dele porque somos obra do mesmo artista, Deus. Eternidade é ir em frente em busca da Luz maior, é compreender que não se pode lutar apenas pelo meu sucesso, é preciso dar ênfase ao vocábulo coletivo “NÓS”, é sentir a justiça como aberta a todos, é auxiliar aqueles que se encontram presos às teias da imperfeição, é querer, é desejar eloqüentemente que todos cheguem a Luz, que todos bebam da água da vida, que não haja um só perdido na escuridão treval, que os bilhões de moradas preparadas sejam habitadas e convivam no amor, é esquecer a dúvida, é acreditar na confraternização universal.

    gonzagaevitoria@gmail.com

     

    De: Francis

    Data: 06/03/2015 17:30:18

    brunton@sympatico.ca has shared Cameras Were Placed In A Remote Area In Greenland. What They Captured Is Stunning And Terrifying

    Eh assustador.

    Assunto:  brunton@sympatico.ca has shared Cameras Were Placed In A Remote Area In Greenland. What They Captured Is Stunning And Terrifying

    Cameras Were Placed In A Remote Area In Greenland. What They Captured Is Stunning And Terrifying

    http://www.reshareworthy.com/cameras-capture-stunning-glacier-retreat/#egcvHJ0L61TAsIpY.03

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    "CHASING ICE" captures largest glacier calving ever filmed - OFFICIAL VIDEO

     

     

     

    De: Francis

    Data: 06/03/2015 17:45:17

    Os HAITIANOS que IMIGRARAM para o BRASIL, estão sendo EMPREGADOS no EXÉRCITO de MILICIANOS PETISTAS...!!!!

    Cadê nossa oposição? Nenhum discurso no congresso? Um silêncio  ensurdecedor!!! Um silêncio cúmplice! Transmite uma mensagem: "está tudo bem! Não existe nenhuma ameaça"! Como os militares podem fazer sua parte se eles não fazem a deles? Ficam em cima do muro, não se sabe para que lado vão pular em caso

    de um conflito.


    ATT0000181

    VOCÊ LEMBRA dos 50.000 HAITIANOS que entraram no

    BRASIL pelo ACRE e em seguida foram levados para SÃO PAULO.

    CINQUENTA MIL (50.000) HAITIANOS já IMIGRARAM para o BRASIL entrando pelo ACREna época GOVERNADO pelo PTralha JORGE VIANA, hoje governado pelo PTralha TIÃO VIANA, através da cidade de BRASILÉIA.   Em BRASILÉIA eram e são cadastrados, recebem cidadania BRASILEIRA, CPF, IDENTIDADE , Carteira de TRABALHO e TÍTULO de ELEITOR  e depois são enviados de ONIBUS para SÃO PAULO onde o Prefeito PTralha FERNANDO HADDAD construiu ALOJAMENTOS para recebe-los.

    As FORÇAS ARMADAS entenderam rapidamente qual era o objetivo principal ( nada NOBRE e nem HUMANITÁRIO) do RECRUTAMENTO desses indivíduos HAITIANOS (só homens, maioria deles composta de desocupados e de criminosos). Trata-se de um RECRUTAMENTO que é feito em PORTO PRINCIPE capital HAITIANA, para a constituição de um EXÉRCITO IRREGULAR de MILICIANOS do PT no BRASIL, tal como fez a VENEZUELA de HUGO CHAVES.  

    Você LEMBRA do Haitiano Lyjeannot Verney (na foto abaixo) que em entrevista à IMPRENSA

    em BRASILÉIA –ACRE informou que havia deixado a família para trás em busca de novas

    oportunidades de trabalho no Brasil.

    (Foto: Rafael Fabres/Arquivo Pessoal)

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    Olhe ele aqui novamente, primeiro recebendo a CARTEIRA de TRABALHO

    em BRASILÉIA e agora já TRABALHANDO em SÃO PAULO como MILICIANO do PT....

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    ATT0000414

    ATT0000575

    Depois de ver as fotos acima, você CONSEGUE ENTENDER

    para que o PT RECRUTOU  50.000 HAITIANOS MARGINAIS

    e 16.000 MÉDICOS CUBANOS FALSOS???

    Se ainda não conseguiu ENTENDER, então sugiro que PROCURE

    o mais ráqpido possível um PSICÓLOGO ou um PSIQUIATRA.

    O Presidente General João Figueiredo sabia o que estava DIZENDO...

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    De: Francis

    Data: 06/03/2015 17:53:13

    Como?

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    De: MARTINS

    Data: 06/03/2015 18:09:44

    Boas

      Lua de Proverbia

      "Preciso aprender a andar sozinho, para ouvir minha própria voz."
      Ana Carolina

    De: AcaiacA <fogao2015br@gmail.com>
    Data: 6 de março de 2015 18:04
    Boas
    Para: !000 <alerta.virus@x.com.br>

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    Mulher preparando-se para viajar por 3 dias

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